Ecologia de comunidades de insetos associados à decomposição de Sus scrofa (Linnaeus) (Suidae) expostos em um igarapé de terra firme na Reserva Florestal Ducke, Manaus, Amazonas, Brasil

• Ano de defesa: 2011
• Autor(a) principal: Silva, Aldenira Oliveira da
• Orientador(a): Ferreira-Keppler, Ruth Leila
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Instituição de defesa: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia - INPA
• Programa de Pós-Graduação: Entomologia
• Link de acesso: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/12361; http://lattes.cnpq.br/0756702604717088

Para determinar as espécies de insetos decompositores de suínos parcialmente submersos em um igarapé de terra firme, foram realizados quatro experimentos, dois a cada período do ano de 2008 e de 2009 (período menos Chuvoso e Chuvoso) na Reserva Florestal Ducke, Manaus – Amazonas. Foram analisados aspectos referentes à sucessão, riqueza, abundância relativa e os estágios de decomposição do suíno. Em cada experimento foram utilizados três suínos domésticos Sus scrofa (Suidae) pesando aproximadamente 43 kg e levados vivos até o local de coleta para serem abatidos com um disparo de arma de fogo na região frontal da cabeça, e colocados em três gaiolas de ferro, que ficaram parcialmente submersas em três diferentes pontos ao longo do igarapé Barro Branco, distantes aproximadamente 90 m uma da outra. Os táxons coletados totalizaram 35.655 pertencentes a cinco ordens, 22 famílias, 44 morfótipos e 62 espécies. Em Calliphoridae Chrysomya albiceps (Wiedeman, 1830) foi a mais abundante com 10.880 indivíduos, enquanto que a espécie Peckia (Pantonella) smarti (Lopes, 1941) da família Sarcophagidae apresentou 679 espécimes. Seis estágios de decomposição em cadáver de suínos se completaram, sendo o primeiro estágio FS (Fresco Submerso), adaptado para FPS (Fresco parcialmente Submerso), sendo a decomposição total em média 19,5 dias no período menos Chuvoso de 2008 e 2009 e 24,5 dias no período Chuvoso de 2008 e 2009. Os estágios de flutuação inicial, deterioração de flutuação e deterioração inchada apresentaram maior abundância de Diptera. Da criação de ovos e larvas onde se destacaram as espécies da família Calliphoridae: Chrysomya albiceps (Wiedmann,1830), Hemilucilia segmentaria (Fabricius, 1805), H. semidiaphana (Rondani, 1850), Chrysomya putoria (Wiedemann, 1830), Lucilia eximia(Wiedemann, 1819), Paralucilia paraensis (Mello, 1969), Paralucilia fulvinota (Bigot, 1877), Paralucilia pseudolyrcea (Mello, 1969). Espécies da família Sarcophagidae: Peckia (Pattonella) smarti (Lopes, 1941), Peckia (Pattonella) pallidipilosa (Curran & Walley, 1934), Peckia (Pattonella) intermutans (Walker, 1861) e Peckia (Peckia) chrysostoma (Wiedemann, 1830). As larvas de Calliphoridae e Sarcophagidae foram as principais consumidoras do suíno, alguns adultos têm sua biologia estudada na região e mostraram serem propícias para serem utilizadas como indicadoras forenses. Das quartoze espécies adultas de Calliphoridae, nove (64%) foram coletadas na forma imatura, e das quinze de Sarcophagidae, apenas quatro (26%), demonstrando a importância de estudar a biologia das larvas dessas espécies. Entre os imaturos aquáticos, apenas os Chironomidae foram coletados e criados até a fase adulta e encontrados alimentando-se das partes moles do tecido corporal do suíno, utilizando os ossos como abrigo. De acordo com os resultados obtidos a partir dos imaturos criados é possível fazer uma estimativa do tempo de submersão de um cadáver que envolva sistemas lóticos. Tais resultados podem indicar que nos dois períodos (menos chuvoso e chuvoso) diferiram somente em relação a precipitação, possivelmente em função da regularidade da alta temperatura e umidade relativa característica na região amazônica. Não houve diferença na abudância e composição das espécies entre os períodos chuvoso e menos chuvoso. Da mesma forma não houve influência da temperatura e pH da água sobre a decomposição do cadáver parcialmente submerso nos diferentes períodos estudados.