Caracterização de genes associados com mecanis mos de resistência a claritromicina em isolados clínicos em Mycobacteroides abscessus do estado do Pará

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Oliveira, Ingrid Paola Gomes de
Orientador(a): Costa, Ana Roberta Fusco da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: MS/SVS/Instituto Evandro Chagas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://patua.iec.gov.br/handle/iec/4413
Resumo: As infecções por Mycobacteroides abscessus, anteriormente Mycobacterium abscessus, representam um desafio devido à complexidade do seu manejo clínico-terapêutico. Os principais problemas são sua multidroga resistência e o limitado painel de drogas disponíveis para tratamento dessas infecções, especialmente os macrolídeos como a claritromicina, considerada antimicrobiano chave no esquema recomendado pelas diretrizes da Sociedade Torácica Americana – ATS (2007). Alguns mecanismos de resistência aos macrolídeos já foram descritos para M. abscessus e incluem mutações pontuais nas bases 2058 ou 2059 no domínio V do RNAr 23S, além de mutações em genes codificadores de proteínas ribossomais L4 (rplD) e L22 (rplV). Recentemente, a presença da metiltransferase erm(41) foi associada à resistência induzida à macrolídeos em isolados de M. abscessus. No entanto, pesquisas avaliando esses mecanismos em isolados de diferentes áreas geográficas ainda são necessárias para acessar a diversidade de perfis. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi investigar os mecanismos moleculares de resistência à claritromicina em isolados clínicos de Mycobacteroides abscessus do Estado do Pará. Foram incluídos 33 M. abscessus selecionados aleatoriamente do acervo do Instituto Evandro Chagas. As micobactérias foram isoladas de espécimes clínicos pulmonares e extrapulmonares entre janeiro de 2008 e dezembro de 2018. A reidentificação foi realizada pela análise das sequências dos genes RNAr 16S, hsp65 e rpoB. A sensibilidade antimicrobiana foi determinada pelo método de microdiluição em caldo. A caracterização molecular da resistência à claritromicina foi obtida pela análise das sequências de erm(41), RNAr 23S, rplD e rplV. Dentre os principais achados estão o elevado nível de resistência à claritromicina, especialmente entre M. abscessus subsp. abscessus e M. abscessus subsp. bolletii, com maior número de substituições nucleotídicas em erm(41) detectadas em M. abscessus subsp. abscessus. Destaca-se a presença de M. abscessus subsp. abscessus resistente à claritromicina com erm(41) não funcional, além de um M. abscessus subsp. abscessus resistente carreando a mutação rara C2063T no gene codificador de RNAr 23S. Os diferentes resultados quanto à expressão de resistência, constitutiva e induzida, nos isolados cujos mecanismos de resistência são desconhecidos, sugerem rotas alternativas de resistência, que necessitam ser elucidadas. Ademais, a não concordância entre os achados moleculares e os ensaios fenotípicos de resistência, indicam que ensaios moleculares podem não servir como bons preditores de resistência para isolados clínicos de membros do grupo M. abscessus do Estado do Pará, e que os testes fenotípicos ainda são a melhor opção. Em conclusão, os resultados revelam a necessidade de mais estudos com M. abscessus provenientes de amplas e diversificadas áreas geográficas, até que se possam estabelecer marcadores moleculares mais fidedignos com os fenótipos de resistência, de forma a auxiliar seguramente nas condutas terapêuticas e contribuir com melhores desfechos clínicos.