Antropoceno, regime de informação e produção alimentar no Brasil: estudo de caso de uma rede alimentar alternativa urbana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Silva, Carla Mota dos Santos da lattes
Orientador(a): Issberner, Liz-Rejane lattes
Banca de defesa: Bezerra, Arthur Coelho lattes, Schneider, Marco André Feldman lattes, Léna, Philippe lattes, Rios, Patrícia Andrea do Prado lattes
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia/Universidade Federal do Rio de Janeiro
Programa de Pós-Graduação: PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO
Departamento: ESCOLA DE COMUNICAÇÃO
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
AFN
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://ridi.ibict.br/handle/123456789/1079
Resumo: Esta tese investiga as Redes Alimentares Alternativas (AFNs) urbanas a partir de um diálogo da literatura com o estudo de caso da Associação de Agricultura de Campinas e Região (ANC), uma AFN urbana brasileira. A investigação faz questionamentos tanto empíricos quanto teóricos, para analisar se a ANC se constitui em uma alternativa ao desenvolvimento, respondendo aos problemas socioambientais que afetam o planeta, dentre os quais, a degradação ambiental causada pela agricultura convencional e industrial. Este modelo de agricultura é um crucial fator de agravamento das causas e efeitos do Antropoceno, período em que as atividades humanas promoveram mudanças no planeta, deixando sobre ele marcas de intensidade igual às de fenômenos geológicos. O problema que norteou este estudo buscou analisar em que medida a dinâmica informacional das AFNs e as atividades que elas desenvolvem contribuem para a consolidação e autonomia da rede ANC, constituindo-se em resposta ao Antropoceno em nível local. Sendo a mobilização de produtores e a ampliação do mercado consumidor os desafios maiores para a criação e manutenção das AFNs, foram investigadas as dinâmicas informacionais da rede ANC. Assim, dentre os objetivos atendidos pelo trabalho estiveram a identificação e a análise dos obstáculos e benefícios das Redes Alimentares Alternativas (AFNs) urbanas para o enfrentamento do Antropoceno. A metodologia teve uma abordagem sistêmica, adotando como campo teórico a discussão sobre o atual estado de degradação ambiental que o termo Antropoceno busca delimitar. No campo empírico, pesquisas qualitativas foram conduzidas com produtores e consumidores da rede, seguidas da análise informacional e da discussão dos resultados à luz do quadro teórico. Este discute a mudança paradigmática necessária para lidar com o desafio da degradação ambiental no Antropoceno, em um cenário em que o intensivo crescimento demográfico mundial e a agricultura industrial se impõem como risco à manutenção da vida humana ao afetar a segurança alimentar de populações em todo o mundo. Apesar de ganhar espaço nas agendas políticas internacionais, este desafio cresce no vácuo de uma efetiva governança ambiental global regida pelo oxímoro subjacente aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Ao nível dos territórios dos países do Sul Global, nos quais se insere o Brasil, o Antropoceno se perpetua por meio da prevalência de práticas (neo)extrativistas associadas ao aprofundamento da desigualdade social, que afetam primeiro e mais profundamente aos mais pobres, mas não exclusivamente a eles. O trabalho conclui que a capacidade de responder ao Antropoceno apresentada pela rede ANC enquanto espaço de articulação de uma consciência ambiental ao nível dos territórios depende de sua compreensão sobre as limitações ligadas às condicionantes do regime de informação em que está inserida, o qual é norteado pela ideia do desenvolvimento sustentável. Isto habilitará a ANC a atuar como efetiva resposta ao Antropoceno ao disseminar valores e práticas que efetivamente mobilizem a sociedade civil em direção à profunda revisão paradigmática em que o ser humano se entenda como parte do Sistema Terra. Esta modificação poderia inspirar políticas públicas locais a partir do modelo da ANC que, ao ser replicado, contribuiria para a edificação de um regime ambiental global efetivo.