Filogeografia do dinoflagelado tóxico Ostreopsis cf. ovata (Dinophyceae).

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Moreira, Lohayne Braga
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
Instituto de Biociências - IBIO
Brasil
Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://deposita.ibict.br/handle/deposita/574
Resumo: As florações de algas nocivas (FANs) são fenômenos naturais e incluem espécies produtoras de toxinas que podem afetar severamente animais, incluindo humanos. Porém, as espécies tóxicas não causam eventos prejudiciais em todos os locais em que estão, podendo causar eventos de mesma intensidade em locais diferentes. Refletindo assim, a natureza multifacetada de respota às FANs a diversos fatores ambientais e as suas mudanças ao longo do tempo são de difícil compreensão. O aumento da ocorrência de FANs em diversas regiões costeiras temperadas e tropicais, acarreta numa série de problemas ambientais, como a intoxicação de animais marinhos, de seres humanos e o comprometimento de atividades econômicas como aquicultura e pesca. Os principais organismos formadores de FANs em sistemas marinhos são os dinoflagelados. Nas florações do dinoflagelado bentônico Ostreopsis cf. ovata, pode haver mortalidade em massa dos organismos marinhos por intoxicação com ovatoxinas. O presente trabalho propõe estudar os padrões de distribuição espacial da diversidade genética de O. cf. ovata, contribuindo para uma melhor compreensão da distribuição geográfica contemporânea da espécie e, por consequência, das suas florações. As análises filogeográficas com base nas sequências de três loci ITS, LSU-D1D3 e LSU-D8D10, disponíveis no Genbank, permitiram a identificação de 251 cepas distribuídas em 126 pontos de amostragem. As cepas analisadas foram localizadas nos três Oceanos, provenientes de sete reinos biogeográficas da zona tropical, e em parte da zona temperada: América do Sul Temperado, Atlântico Norte Temperado, Atlântico Tropical, Indo-Pacífico Central, Indo-Pacífico Ocidental, Pacífico Norte Temperado e Pacífico Oriental Tropical. A maioria das cepas foram provenientes de três reinos, sendo 34,6% do Indo-Pacífico, 32,2% do Atlântico Norte Temperado e 23,1% do Atlântico Tropical. Houve predominância de ocorrência das cepas em reinos de superfície de águas mais quentes, de 23 a 36ºC, e salinidade superior a 31, com PSS predominantemente 34 na maioria das áreas. Os três loci analisados produziram árvores com topologias e subclados (A, B, C, D, E e F) de O. cf. ovata usualmente descritos na literatura. As redes de haplótipos de O. cf. ovata retornou 25 haplótipos do loci ITS, 33 haplótipos do LSU-D1D3 e 14 haplótipos do LSU-D8D10. A principio as linhagem A e E talvez seriam cosmopolitas, B seria mais restrita ao Oceano Atlântico. Três linhagens seriam exclusivas: C ao Indo-Pacífico, D ao Oceano Pacífico e a F ao Oceano Atlântico. Portanto, O. cf. ovata apresenta estrutura filogeográfica com linhagens divergentes e indícios de distribuição alopátrica e a presença de trocas genéticas recentes entre populações localizadas em regiões biogeográficas distintas. Sendo estes padrões possivelmente explicados por características da espécie como a predominância da reprodução assexuada, encistamento, e por diferentes fatores que facilitam a dispersão, como o carreamento de cistos por água de lastro de navios e dispersão de cistos aderidos a substratos naturais e artificiais.