Cenas urbanas: skatistas, ocupação da cidade e produção de subjetividades

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Teixeira, Juliana Cotting
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://repositorio.furg.br/handle/1/7844
Resumo: A presente dissertação apresenta como temática “a ocupação das ruas pelos skatistas street de Rio Grande”, e se debruça, inicialmente, à questão: “Como é possível que a ocupação das ruas pelos skatistas street constitua-se um problema na atualidade e as pistas de skate a principal solução?”. Essa problematização inicial se produziu com base numa série de registros diversos (matérias de jornal, palpitações nas redes sociais, audiências, projetos de lei, acontecimentos, entre outros) que vinham demonstrando linhas de forças na direção de regular as condutas flutuantes dos skatistas de rua, através da figura das pistas de skate. Inspirada num referencial teórico-metodológico da cartografia, especialmente, a experimentada por Gilles Deleuze, Félix Guattari, Michel Foucault, Sueli Rolnik, Virgínia Kastrup e colaboradores, passo a investigar esboços da emergência da cidade enquanto espaço de segurança e alvo de mecanismos de poder, bem como, da prática do skate de rua, enquanto geradora de determinados tensionamentos sociais e de processos de subjetivação. Num segundo momento, experimento um deslocamento da questão, visando investigar possibilidades de linhas de fuga e de resistência a essa trama de forças, sob a questão: “Como é possível não desocupar as ruas?”. Aqui, passo a compor um portfólio de registros de fontes diversas, chamado “Diário de Rua”, por um período de em média seis meses (janeiro a julho de 2015). Com base nesses dados, foram criadas três linhas de análise, intituladas “Cenas Urbanas”. Na primeira, procurei demonstrar “Modos de conduzir-se com o espaço”, identificando um mapa fixo e estriado de picos de skate e de ocupação das ruas, bem como, experimento analisar uma tendência identitária e conflitual nas práticas dos skatistas, em que a cultura visual assume protagonismo na produção de sentidos e funciona numa trama de disputas pela verdade maior do skate. Na segunda cena, analiso “Modos de conduzir-se com o esporte”, em que esboço vetores de um modelo esportivo e empresarial sobre os skatistas, bem como, traços de um desejo de pista, produzido pela posição de amadores no cenário competitivo. Na terceira cena, intitulada “Modos de “correr pelo certo””, passo a analisar traços de uma articulação entre as práticas dos skatistas e as normas sociais moralmente reconhecidas como “do bem”. Para isso, estabelecem relações com os idosos, com as crianças, com as escolas, com a sustentabilidade, com a cidadania, com as mulheres, agenciando uma conexão otimista com as normas que, historicamente, incidem de forma a regular as ocupações das ruas e as condutas rebeldes. Por fim, intitulado de “O primado das linhas de fuga: modos de borrar um território existencial”, detenho-me a produzir alguns agenciamentos acerca das possibilidades de resistência às cartografias construídas, marcadamente interpeladas por processos normalizadores. A relação com o PPG e com a linha de pesquisa “Implicações das práticas científicas na constituição dos sujeitos” se dá na medida em que os processos de subjetivação contemporâneos que incidem sobre os skatistas e demais grupos sociais estabelecem uma relação com o saber e com a verdade e que, fortemente sustentados na ciência, seja aquela produzida nos meios acadêmicos, seja sua disseminação nos discursos sobre esporte, cidade, segurança, etc, acabam produzindo modos de conduzir o outro e a nós mesmos como viventes contemporâneos e sujeitos da educação.