Você tem sede de quê? Chamado e sentido do trabalho no serviço público federal brasileiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Silva, Danielle Braga Monteiro da
Orientador(a): Mansur, Juliana Arcoverde
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/10438/31763
Resumo: Objetivo: O presente trabalho tem como objetivo compreender de que forma o chamado e o sentido do trabalho influenciam comportamentos e atitudes de servidores públicos. Metodologia: O estudo adotou uma abordagem qualitativa de pesquisa, a partir da realização de 21 entrevistas semiestruturadas, momento que atingiu o ponto de saturação. Os dados obtidos foram analisados a partir da análise temática da narrativa, a qual foca não apenas em um conteúdo manifesto, mas também no conteúdo interpretativo latente. Durante o processo, foram destacados pontos de interesse da fala, e com a utilização do referencial teórico aliado ao modelo conceitual prévio, foi possível reconhecer as categorias identificadas a priori, assim como descobrir categorias novas, não mapeadas inicialmente pelo estudo. Resultados: O resultado nos apontou para a manifestação dos três tipos conhecidos de chamado, o respondido, o não respondido, e o ausente. Os dados revelaram que, quando unidos, sentido do trabalho e valor pró-social do chamado são capazes de incrementar os comportamentos de cidadania, de atenuar sentimentos de sofrimento em relação ao trabalho (quando em equilíbrio) de elevá-los (quando em excesso), ou mesmo de simular a existência de um chamado, quando de fato inexistente (pseudochamado). Originalidade: O pseudochamado foi um tipo secundário de chamados ausentes descoberto durante a fase de análise das entrevistas, não mapeado inicialmente, e não descrito pela literatura. Os sujeitos que o apresentaram se encontravam em um processo de dissonância cognitiva, motivado pela necessidade de lidar com a situação dissonante de, por um lado, terem que retribuir em forma de esforço todo o sentimento de gratidão e de cumprimento de dever que nutriam pelo serviço público, representado pela PGFN, e de outro, a angústia de reconhecer um significado para as suas atribuições, sem que houvesse um chamado para tal. Suas narrativas, à primeira vista, se assemelhavam a alguém que respondia a um chamado, mas a impressão se desconstruía à medida em que era verificada a ausência dos pressupostos essenciais para a sua presença, aliada ao sofrimento latente. Limitação: Considerando que o chamado é um dado mutável em relação às experiências individuais vividas no trabalho de alguém, caracterizado inclusive como um estado situacional contingente, reputamos o principal limitador deste estudo a pandemia pelo novo coronavírus (COVID-19), levando em conta uma eventual influência na resposta de servidores que percebem, e até vivenciam, o chamado nas suas funções, mas encontram-se frustrados ou descontentes quanto à maneira como ela está sendo executada atualmente. Delimitação: O estudo ficou delimitado ao serviço público federal brasileiro, representado pela Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN). Contribuições práticas e sociais: A eclosão do valor pró-social dentro das organizações é possível quando oportunizado o reconhecimento do significado das atribuições dos trabalhadores, tanto para os que respondem a um chamado, como para os que não respondem, ou não possuem um chamado de forma alguma. Tal ação possibilita o incremento de comportamentos positivos, como a cidadania, e a mitigação de atitudes negativas, como o sofrimento laboral, representando um tema a ser explorado pela área de gestão de pessoas de organizações públicas e privadas no que tange às estratégias de qualidade de vida e saúde mental, com ganhos indiretos em termos de eficiência e qualidade do serviço prestado.