Um movimento em muitas cores: o circuito de relações das torcidas organizadas paulistas entre 1968 e 1988 - Uma história da ATOESP (Associação das Torcidas Organizadas do Estado de São Paulo).

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Canale, Vitor dos Santos
Orientador(a): Hollanda, Bernardo Borges Buarque de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: https://hdl.handle.net/10438/30104
Resumo: A presente tese investiga o panorama de relações sociais que envolveram as principais torcidas organizadas de São Paulo e Campinas entre 1968 e 1988 a partir da análise de jornais, revistas e entrevistas com torcedores. Ao apresentar diversas torcidas organizadas desde suas fundações, buscou-se balizar as pautas e os interesses de cada entidade, suas trajetórias políticas dentro dos clubes e as correlações que estabeleceram com os demais grêmios de torcedores, com os representantes da Federação Paulista de Futebol, com a mídia e com os agentes da segurança pública. Esse vasto ambiente de relações envolvendo as torcidas organizadas estimulou a percepção de lideranças do movimento quanto às possibilidades de uma ação conjunta, o que deu ensejo à criação da Atoesp, a Associação das Torcidas Organizadas do Estado de São Paulo, em 1976. A intensificação das rivalidades violentas entre torcedores na capital levou à suspensão do pacto de não agressão entre os grêmios e ao encerramento da associação em 1983. O surgimento da torcida Mancha Verde, no mesmo ano, tornou-se símbolo da centralidade da conduta violenta como meio de amealhar status no movimento dos torcedores, e os crescentes enfrentamentos ao longo da década de 1980 culminaram com o assassinato do torcedor Cleofas Sóstenes Dantas, presidente da Mancha Verde, em 1988. Sob a concepção teórica de Pierre Bourdieu acerca das distintas formas de capital e o conceito de E. P. Thompson de economia moral, buscou-se compreender a atuação dos grêmios de torcedores como uma jornada para reunir capitais no intuito de transformar os clubes e a estrutura do futebol de São Paulo e de resistir às investidas de uma lógica economicista, que visava solapar o futebol enquanto consumo popular. Por fim, concluímos o importante papel das torcidas organizadas na maior participação dos torcedores nas decisões sobre o futebol; contudo, o aumento da violência entre adeptos fragilizou as ações conjuntas entre os grêmios e estigmatizou o movimento perante outros agentes do esporte.