Lugar de mulher (não) é na presidência: machismo e misoginia na política brasileira

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Silva, Tamiris Rodrigues da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Universidade de Franca
Brasil
Pós-Graduação
Programa de Mestrado em Linguística
UNIFRAN
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://repositorio.cruzeirodosul.edu.br/handle/123456789/502
Resumo: Este trabalho visa analisar o funcionamento discursivo dos enunciados veiculados na mídia, que se propõem a (des)qualificar a atuação da mulher na política brasileira. Esses discursos relevam de uma formação discursiva machista, cujas condições de emergência lhe garantem uma significativa amplitude de circulação. Nosso objeto de estudo se compõe de enunciados produzidos entre 2014 e 2017 que circularam na mídia (impressa e digital) e se propõem a (des)qualificar a administração do governo Dilma Rousseff a partir da construção da mulher presidenta como incapaz por conta do gênero feminino. Além dos discursos que se dirigem à ex-presidenta, analisamos os discursos de ódio, sexistas e misóginos endereçados à deputada Maria do Rosário. Buscamos analisar, também, como as condições de emergência permitem a existência de um discurso de exaltação à personalidade da primeira-dama, Marcela Temer, frente a um cenário político onde não há espaço para a atuação feminina. Para embasar nossas análises, trazemos, tanto no arcabouço teórico da AD, com Jean-Jacques Courtine, quanto nas considerações de Michel Foucault, fundamentos que nos levem a compreender as condições sócio-históricas a partir das quais se constroem sentidos sobre a mulher, seu corpo e sua capacidade de atuação social ao longo do tempo. Ademais, acrescentamos as nossas análises as contribuições de Judith Butler e de Simone de Beauvoir, cujas reflexões ampliam o nosso estudo acerca dos gêneros e da sexualidade feminina. Nossos resultados apresentam indícios de que a mulher no campo político é construída por um discurso sexista que despreza as conquistas femininas e defende a ideia de que o lugar da mulher não é no poder – esses discursos circulam em forma de resistência à participação ativa, mesmo que ainda pequena, da mulher na política brasileira. Consideramos que o presente trabalho proporciona uma abordagem reflexiva sobre o discurso político, que tem ampliado seu campo de circulação de modo a produzir efeitos de verdade que reforçam a desqualificação e a intolerância para com a mulher no campo político.