Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2016 |
Autor(a) principal: |
Siqueira, Luciana Domett |
Orientador(a): |
Bozza, Fernando Augusto |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/23152
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Resumo: |
O envelhecimento populacional é um fenômeno global. O declínio fisiológico causado pelo envelhecimento é exacerbado por episódios de inflamação sistêmica, aumentando a probabilidade de ocorrência de doenças neurodegenerativas, que têm como característica central a presença de neuroinflamação. A neuroinflamação se caracteriza pela ativação da microglia, as células imunológicas residentes no sistema nervoso central. A microglia tem papel protetor contra estímulos nocivos ao SNC, no entanto, no processo de envelhecimento a eficácia das funções microgliais pode se deteriorar. Os mecanismos responsáveis pelas alterações neurológicas durante o envelhecimento ainda não são bem compreendidos, mas evidências indicam que a função microglial pode contribuir para o declínio cognitivo no envelhecimento. Este trabalho tem como objetivo avaliar o papel da inflamação sistêmica crônica de baixa intensidade no déficit cognitivo associado ao envelhecimento. A inflamação sistêmica de baixa intensidade foi induzida aguda e cronicamente em camundongos Swiss Webster machos com idade entre 2-4 meses (jovens) e 14-18 meses (envelhecidos). O modelo agudo consistiu em aplicação de uma injeção intraperitonial de lipopolissacarídeo (LPS, 0,3 mg/Kg) e o modelo crônico foi induzido através de injeções intraperitoneais semanais durante 7 semanas. Os grupos controles foram manipulados junto aos demais grupos, mas não foi dada nenhuma injeção a fim de não causar inflamação. A avaliação cognitiva dos animais foi feita apenas no modelo crônico, uma semana após a última injeção de LPS, através dos testes de habituação em campo aberto, reconhecimento de objetos e labirinto aquático de Morris. Após isso, os cérebros foram coletados para avaliação morfológica do perfil de ativação celular da microglia, quantificação de citocinas, lipofuscina e análise de estresse oxidativo. A análise do teste de habituação em campo aberto mostrou que os animais envelhecidos exploram e se locomovem menos que os animais jovens, o desafio crônico com LPS não interferiu no resultado. A análise dos testes de reconhecimento de objetos revelou que os animais envelhecidos que foram desafiados com LPS cronicamente possuem um déficit na memória de curta duração, em comparação com os animais envelhecidos controle, os animais jovens que foram desafiados cronicamente com LPS não apresentaram diferenças no desempenho do teste. A análise do teste de labirinto aquático mostrou o efeito do LPS na perda de memória espacial dos animais envelhecidos. A análise morfológica da micróglia no modelo agudo e crônico demonstrou que há células distróficas no hipocampo dos animais envelhecidos, tanto do grupo controle quanto do grupo desafiado com LPS. A análise das citocinas plasmáticas e cerebrais revelou que os animais envelhecidos possuem alteração na resolução da resposta inflamatória, apresentando diminuição de IL-4 plasmática no modelo crônico e agudo, enquanto que os animais jovens desafiados cronicamente apresentaram aumento de IL-4 e IL-10. No cérebro, os animais envelhecidos desafiados com LPS apresentaram aumento significativo de IL-1b, IL-6, IL-10 e IL-4 no modelo crônico, o que não foi visto nos animais jovens. A quantificação da autofluorescência da lipofuscina no cérebro dos animais envelhecidos demonstrou que, no modelo agudo, o LPS diminui o conteúdo de lipofuscina, enquanto que no modelo crônico, o conteúdo de lipofuscina nos cérebros dos animais envelhecidos se apresenta aumentado. Finalmente, a análise cerebral da concentração de HNE, produto da peroxidação lipídica e importante marcador de estresse oxidativo, indicou maior suscetibilidade dos animais envelhecidos ao estresse oxidativo. Nossos dados sugerem que a inflamação sistêmica de baixa intensidade aumenta a suscetibilidade dos animais envelhecidos a prejuízos cognitivos, que estão associados a estresse oxidativo, desregulação na produção de citocinas a nível periférico e cerebral e disfunção microglial. |