Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Coutinho, Maria Fernanda Cruz |
Orientador(a): |
O'Dwyer, Gisele |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/56984
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Resumo: |
Apesar do avanço significativo do processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil, a assistência à pessoa em crise representa um nó ao cuidado dos portadores de transtorno mental, à medida que demanda da rede de atenção à saúde mental uma resposta distinta da clássica internação psiquiátrica. Esse trabalho, a partir da análise de documentos e realização de entrevistas procurou investigar como se dá o acolhimento à crise em saúde mental nos Centros de Atenção Psicossocial III (CAPS III) do município do Rio de Janeiro, propondo uma reflexão sobre como esses espaços podem, quando operam em rede e a partir da lógica do cuidado territorial, substituir o aparato manicomial. A escolha por esse serviço se deve ao fato de terem uma estrutura de funcionamento 24 horas e capaz de acolher usuários em leitos noturnos. Os dados foram coletados no período de 2020 a 2022. Foi possível descrever o perfil dos CAPS III, sobretudo a partir de seus processos de implantação, e o modo como se organizam e funcionam com os demais dispositivos territoriais nas respostas às situações de crise. A análise dos dados tomou com referencial a Teoria da Estruturação de Giddens, mais especificamente a consciência discursiva, que serviu para a análise das entrevistas à medida que é compreendida como meio privilegiado para acessar o conhecimento do agente e refere-se ao que ele é capaz de expressar verbalmente, acerca das condições sociais, incluindo as condições de sua própria ação. O trabalho identificou avanço em processos de implantação de CAPS III e de articulação com os demais dispositivos da Rede de Atenção Psicossocial. Contudo, no que se refere a ESF a articulação mostrou-se insatisfatória. O subfinanciamento provocou a falta de recursos físicos e humanos, impactando a qualidade da assistência à crise. Evidenciou-se a importância das Coordenações de Emergência Regionais (CER) e da articulação delas com os CAPS III, além do uso do whatsapp® para garantir que usuários em crise não sejam encaminhados para hospitais psiquiátricos, sendo acolhidos em serviços territoriais. Identificou-se a existência de dois modelos de acolhimento e de fluxo nos CAPS III, sendo o formato miniequipe mais efetivo para acompanhamento do usuário. A violência territorial aparece como variável importante tanto para o desencadeamento da crise, quanto como dificultador para intervenções extra CAPS. No que diz respeito as concepções de crise esse estudo constatou a heterogeneidade entre os serviços, com predomínio da noção território dependente ou biopsicossocial, estando em acordo com os preceitos da Reforma Psiquiátrica. A partir da Teoria da Estruturação do Giddens, foram identificadas algumas práticas facilitadoras e dificultadoras da abordagem à crise nos CAPS III do município, sendo a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) razoavelmente consolidada. Torna-se necessário que estudos subsequentes sejam feitos com vistas a pensar orientações mais normativas para a condução dos casos de crise dentro da RAPS. Acredita-se que esse estudo contribuiu para pensar a gestão, a organização, mas também a clínica dos serviços substitutivos, que são capazes de sustentar estratégias eficazes de atenção à crise. |