Estudo das quasispécies de HIV-1 no contexto da terapia antirretroviral iniciada durante a infecção aguda e da terapia de resgate com maraviroque

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Leite, Thaysse Cristina Neiva Ferreira
Orientador(a): Guimarães, Monick Lindenmeyer
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/37817
Resumo: A recomendação atual do Ministério da Saúde do Brasil é oferecer a terapia antirretroviral combinada (cART) para todos os indivíduos infectados pelo HIV-1 assim que diagnosticados, independente de seu status imunológico e/ou virológico. A cART quando iniciada precocemente visa uma mais rápida e melhor recuperação imunológica e a diminuição da transmissão. No entanto, o seu impacto no tamanho, na composição e na diversidade do reservatório, necessita ser melhor caracterizado. Estudo 1: O primeiro trabalho desta tese teve como objetivos avaliar o efeito do início da cART precoce no tamanho do reservatório proviral e avaliar a complexidade das quasispécies no plasma e nas células mononucleares do sangue periférico (PBMC). O estudo incluiu dez indivíduos infectados pelo HIV diagnosticados na fase aguda da infecção (Fiebig II-V), e os momentos antes (PREART) e 12 meses (M12ART) após a cART foram avaliados. O tempo médio para atingir a supressão viral foi de três meses. Em M12ART, observamos aumento de ~ 200 células T CD4 + (P = 0,008) e normalização da relação CD4/CD8 [1,0 Intervalo interquartil (IIQ): 0,88-1,18), P = 0,016], bem como diminuição significativa nos níveis de RNA (~ 4 log, P = 0,004) e DNA (~ 1 log, P = 0,002) do HIV-1 Também detectamos pequena redução na diversidade proviral, e diminuição significativa na entropia normalizada de Shanonn (HSN). Esses resultados sugerem uma redução significativa no tamanho e complexidade do DNA total de HIV-1 no reservatório de PBMC e a restauração imunológica independente da da contagem de RNA viral inicial, da contagem de células T CD4 + ou do subtipo de HIV-1. Diante do surgimento de mutações que conferem resistência aos fármacos, novos alvos terapêuticos foram desenvolvidos. Estudo 2: O maraviroque (MVQ) visa bloquear o correceptor de entrada CCR5, e seu uso no Brasil é como opção resgate nos indivíduos multi-experimentados. Nesse estudo, avaliamos o impacto da cART incluindo MVQ nas quasispécies virais R5 e X4-trópicas em indivíduos com infecção crônica pelo HIV e multi-experimentados. Dos 20 indivíduos recrutados, apenas 8 apresentaram vírus R5 pelo sequenciamento convencional da região V3 e foram incluídos nesse análise. O sequenciamento de nova geração (NGS) foi realizado para avaliar as quasispécies virais antes (PREMVC) e 1 ano após a cART contendo MVQ (POSTMVC). Foi observado recuperação imunológica (média de aumento de ~200 células T CD4+) A ix terapia contendo MVQ foi capaz de manter/alcançar o controle virológico para todos os indivíduos estudados, apesar da presença de uma pequena frequência de variantes X4 em PREMVC (5,4 a 34,4%) em 3/8 indivíduos. Em dois desses, as variantes X4 dominaram na visita POSTMVC, apesar da supressão viral ao longo do estudo. Cinco indivíduos apresentaram variantes R5 em ambos momentos. Nossos achados demonstraram que a terapia contendo MVQ foi efetiva para a maioria dos indivíduos estudados e que o uso de NGS antes e durante a terapia contendo MVQ é importante no monitoramento de quasispécies virais. Em conjunto, podemos concluir que os estudos desenvolvidos nessa tese reforçam o conhecimento sobre a dinâmica das quasispécies virais sob a pressão seletiva da cART iniciada precocemente, e do uso da terapia contendo MVQ.