Aspectos ecológicos de vetores putativos do Vírus Mayaro e Vírus Oropuche em estratificação vertical e horizontal em ambientes florestais e antropizados em uma comunidade rural no Amazonas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Silva, Jordam William Pereira
Orientador(a): Pessoa, Felipe Arley Costa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/23337
Resumo: O assentamento rural de Rio Pardo está localizado no município de Presidente Figueiredo, no Estado do Amazonas, Brasil, e é uma área endêmica para vírus Mayaro (MAYV) e vírus Oropouche (OROV). MAYV e OROV causam febre de Mayaro e febre de Oropouche, respectivamente, doenças infecciosas febris agudas e são responsáveis por pequenos surtos na população rural. MAYV e OROV estão relacionados primariamente a ambientes silvestres, no entanto, estudos realizados em Rio Pardo sugeriram uma possível adaptação a outros vetores e a consequente introdução do MAYV em ambiente não-florestal. Este trabalho teve como objetivo estudar as espécies de mosquitos encontradas no assentamento rural de Rio Pardo, avaliar seu papel no ciclo de transmissão de MAYV e OROV, e os fatores de risco a esses vetores na população humana do assentamento. Os mosquitos foram coletados durante os meses de junho, julho, novembro e dezembro de 2016. As coletas por estratificação horizontal foram realizadas usando armadilhas luminosas HP instaladas a 1.5m do solo em três ambientes diferentes, peridomicílio, borda da floresta e floresta. Para avaliar a estratificação vertical, as coletas foram realizadas em áreas de floresta, no dossel e no solo, usando armadilhas luminosas HP e atração humana. No total 3.750 mosquitos foram capturados, sendo que 3.139 espécimes foram coletados nas plataformas. Os espécimes coletados foram classificados em 46 espécies distribuídos em 17 gêneros. As espécies mais abundantes foram Psorophora ferox (740 indivíduos – 23.5%), Ochlerotatus serratus (576 – 18.3%) e Ps. cingulata (258 – 8.2%). O índice de Shannon-Weaver (H') para os mosquitos coletados no dossel foi H=2.86 e no solo foi H' = 2.53; houve diferença estatisticamente significativa em relação a riqueza de espécies coletadas por atração humana no solo e dossel (p=0.0465), porém não foi observado diferença estatisticamente significativa por armadilhas HP (p=0.2342). Os mosquitos em estratificação horizontal foram coletados apenas por armadilhas HP; sendo coletados 611 espécimes, divididos em 13 espécies. A espécie mais abundante no peridomicílio foi Culex quinquefasciatus (149 – 48.8%), na borda de floresta Cx. quinquefasciatus (29 – 22.8%) e na floresta Cx. nigripalpus (6 – 3.3%). O índice H' para mosquitos coletados no peridomicílio foi H' = 0.91, borda de floresta H'=1.73 e floresta H'=1.53 não houve diferença significativa em relação a riqueza de espécies (p=0.6353). Em relação aos métodos de coleta o índice de diversidade de Shannon-Weaver (H') por atração humana foi H'=2.62 e por armadilhas HP H'=2.16. Dos 671 pools analisados por RT-qPCR, três foram positivos para OROV e nenhuma amostra foi positiva para o MAYV. Quanto à taxa mínima de infecção dos mosquitos avaliados, observou-se TM de 0.8%. As espécies de mosquitos positivas para OROV foram: Oc. serratus, Ps. cingulata e Hg. tropicalis, as duas últimas espécies correspondem ao primeiro registro na literatura de infecção natural por OROV. Para descrever fatores de risco foram entrevistadas 490 pessoas em 141 domicílios, 260 (53,06%) pertencem ao sexo masculino e 230 (46,94%) do sexo feminino. A agricultura correspondeu a 204 (41,6%) das atividades desenvolvidas pelos moradores. Em relação ao destino do lixo 124 domicílios (87,9%) queimam o lixo no próprio terreno. Dos 141 domicílios, 85% moram perto da floresta, 63% perto do igarapé e 45% perto da roça. Em relação as características dos domicílios, 83% são feitas de madeira, 88% não possuem telas nas portas e janelas, 86% possuem cozinha interna e 53% possuem banheiro interno. Nossos resultados mostram a circulação de importantes vetores de arbovírus e arboviroses emergentes que são fortemente influenciados pelas transformações nos ambientes como desmatamento, construção de estradas e criação de assentamentos. E registramos a infecção de mosquitos com o OROV no ambiente de floresta, isso é importante pois a população tem contato direto e frequente com esse ambiente, aumentando o risco de adquirir o vírus, e desenvolver síndrome febril que não é de notificação compulsória.