Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Cunha, Rafaela Domingos |
Orientador(a): |
Braga, Maria Cynthia |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/54981
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Resumo: |
As comunidades quilombolas constituem o símbolo mais expressivo da resistência e da opressão histórica vivenciada pelo povo negro no Brasil. Dispersas por todo o território brasileiro, a maioria dessas comunidades se concentram na região Nordeste, onde o nível de desenvolvimento humano é inferior e as dificuldades de acesso ao saneamento básico e à educação são maiores quando comparados às demais regiões do país. O isolamento social imposto pela pandemia da COVID-19 levou à redução da atividade econômica e o aumento do desemprego da população mundial, refletindo diretamente nas condições de saúde e na segurança alimentar (SA) entre os mais vulneráveis como os afrodescendentes. Neste contexto, as desigualdades sociais determinadas por questões étnico-raciais no Brasil tornaram-se mais acentuadas e produziram forte impacto nas condições de saúde destes indivíduos. Objetivou-se caracterizar o perfil sociodemográfico, de saúde e de acesso aos serviços de saúde infantil e analisar sua relação com o nível de SA das famílias de crianças com até 10 anos de idade, residentes em quilombos da faixa litorânea do estado da Paraíba, durante a pandemia de COVID-19. Estudo de corte seccional, de base populacional, envolvendo o universo de crianças na faixa etária de interesse do estudo. A coleta de dados ocorreu entre junho e agosto de 2021 por meio de entrevista estruturada. A entrada dos dados foi realizada na plataforma REDCap. A associação entre SA e características sociodemográficas, de acesso aos serviços de saúde e condição de saúde da criança foi analisada pelo método da regressão logística bruta e ajustada. Realizou-se análise univariada da associação da variável insegurança alimentar (IS) grave a moderada com as variáveis independentes investigadas. Devido à baixa frequência de famílias em situação de SA, esta condição foi agregada à situação de IS leve. Foram incluídas no modelo de regressão múltipla, as variáveis associadas à IS a um nível de significância de p<0,20, na análise univariada. O método de seleção das variáveis nos modelos de regressão múltipla final foi backward stepwise e com base nos valores dos logaritmos da razão de verossimilhança. A magnitude das associações foi estimada pelo cálculo do Odds Ratio (OR) e seus respectivos intervalos de confiança (IC) de 95%. Foram mantidas no modelo final as variáveis que se apresentaram independentemente associadas ao evento a um nível de 0,05. Um total de 357 crianças, distribuídas nas quatro comunidades quilombolas da faixa litorânea, tiveram o consentimento dos pais e participaram do estudo. Aproximadamente 95% das famílias entrevistadas se encontravam em situação de IS e cerca de 35% delas apresentavam estado de IS moderada/grave. Faixa etária <5 anos (OR=0,56; IC95%:0,35–0,90; p=0,018), doença respiratória nos últimos sete dias (OR= 2,01;IC95%:1,08–3,77;p=0,028) e cartão de vacina desatualizado (OR=1,97; IC95%:1,01–3,87;p=0,046) permaneceram associados à IS no modelo multivariado, constituindo fatores independentemente associados ao evento. A chance de crianças com idade menor que cinco anos serem de família com estado de IS moderada/grave foi cerca de 40% menor quando comparadas às crianças com idade maior que cinco anos. Acreditase que pesquisas sobre este tema possam subsidiar o planejamento e a intervenção de ações efetivas na prevenção e promoção em saúde para esse grupo específico da população. |