Educação e profissionalização de mulheres: trajetória científica e feminista de Bertha Lutz no Museu Nacional do Rio de Janeiro (1919-1937)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2009
Autor(a) principal: Sousa, Lia Gomes Pinto de
Orientador(a): Azevedo, Nara
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/3997
Resumo: Esta dissertação analisa a trajetória científica da naturalista e líder feminista Bertha Maria Júlia Lutz (1894-1976) sob a ótica de gênero e ciências. Enfocamos os anos iniciais de sua carreira no Museu Nacional do Rio de Janeiro, de 1919 a 1937, onde, embora tenha ingressado no cargo de “secretário” (através de concurso público), já se dedicava a trabalhos em botânica e zoologia. Avaliamos sua atuação no campo educacional, pela divulgação científica de uma maneira geral e, especialmente, para as mulheres. Na instituição onde trabalhou, contribuiu para a modernização de técnicas expositivas e práticas pedagógicas para a popularização dos conhecimentos de História Natural e defendeu a participação feminina como fator importante nesse movimento educativo. As mulheres foram consideradas, em suas proposições, tanto como agentes/educadoras quanto como receptoras/educandas. Pertencendo a uma geração na qual cientistas e mulheres definiam seus papéis na sociedade, Bertha Lutz atuou pela construção de uma nova função social feminina, apoiada tanto em sua inserção científica e institucional quanto no movimento feminista do qual fazia parte. Ciência e feminismo são dimensões inseparáveis em sua trajetória – podemos considerar que suas atividades feministas foram pautadas por valores compartilhados pela comunidade científica, assim como sua atuação científica foi influenciada pela causa feminina. O discurso maternalista foi uma das bases de sua militância e contribuiu, ao contrário do que afirma a bibliografia sobre essa personagem, para reformulações de uma ideologia de gênero no Brasil na primeira metade do século XX. Ao compreender Bertha Lutz inserida em seu contexto histórico, compartilhando valores presentes na comunidade científica e numa mobilização feminina já existente que buscava sua educação e profissionalização, procuramos rever a noção de excepcionalidade conferida a mulheres tidas como “pioneiras”.