Insegurança alimentar na gravidez: associação com hábitos de vida, ganho de peso gestacional, peso ao nascer e uso de serviços de saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Pereira, Ana Paula Esteves
Orientador(a): Gama, Silvana Granado Nogueira da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/54839
Resumo: Uma grande parcela dos problemas de saúde se relaciona a questões nutricionais. Durante a gravidez, a dieta, o estado nutricional e o ganho de peso das mulheres são fundamentais para o crescimento e desenvolvimento fetal, entretanto ainda são escassos os estudo sobre insegurança alimentar neste grupo populacional. Avaliamos a associação entre insegurança alimentar (IA) e os desfechos: hábitos de vida (dieta, tabagismo e consumo de álcool), estado nutricional materno (IMC pré-gestacional e adequação do ganho de peso) e do recém-nato (BPN e GIG) e utilização de serviços preventivos de saúde (adequação do pré-natal, teste do pezinho, consulta de puericultura e vacinação) numa amostra de gestantes que procuraram atendimento pré-natal em unidades públicas de saúde. Realizamos estudo longitudinal nas cidades de Petrópolis e Queimados, RJ, onde as mulheres foram entrevistadas no primeiro trimestre gestacional (n = 1.678), no pós-parto (n=1.495) aos três (n=1.272) e seis meses (n=1.317) após o nascimento. Utilizamos a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA). Realizamos análise de componentes principais para identificar padrões alimentares e o escore Kotelchuck para a inadequação do pré-natal. Realizamos regressões logísticas e multinomiais, simples e múltiplas, afim de testar associação entre a IA e os desfechos. A IA esteve presente em 38,7% dos domicílios, sendo 26,2% leve, 8,7% moderada e 3,8% grave. Todos os níveis de IA se associaram a uma menor aderência ao padrão alimentar mais saudável, caracterizado pelo consumo de alimentos com alta densidade nutricional (laticínios, carne, peixe e frutas) enquanto que a IA moderada ou grave se associou ao tabagismo e à obesidade pré-gestacional e ao nascimento de crianças grandes para a idade gestacional, porém não à inadequação de ganho de peso gestacional ou ao baixo peso ao nascer. A IA se relacionou à inadequação dos cuidados pré-natais e ao atraso de vacinas aos três meses de idade. A associação da IA com padrões alimentares ocidentais, obesidade e GIG reforça a presença do paradoxo pobreza obesidade na nossa sociedade contemporânea. Programas de pré-natal devem considerar a identificação de IA em áreas potencialmente vulneráveis visando aumentar a adesão dessas mulheres aos cuidados pré-natais assim como a prestação de aconselhamento nutricional e comportamental direcionado às suas características.