Resumo: |
O processo de industrialização nos países desenvolvidos trouxe consigo uma mudança nas características do adoecimento e morte em suas populações, surgindo, com destaque, um crescimento epidêmico das doenças cardiovasculares (DCV), principalmente a partir do final do século XIX, apresentando a grande maioria dos fatores de risco relacionados com o estilo de vida dos indivíduos. No Brasil, as doenças cardiovasculares (principalmente a doença coronariana), destacaram-se como sendo as maiores causas de óbito, responsáveis pela média de 32% das mortes ocorridas durante esses 19 anos (Brasil, 1998). Como não poderia ser diferente, estas mudanças – incluindo aí os cortes orçamentários que vêm sendo realizados ano a ano – fizeram crescer a preocupação do Comando do Exército Brasileiro com o estado de saúde dos militares, especialmente a saúde cardiovascular, tendo em vista que a carreira marcial exige de seus profissionais um estado salutar suficiente para o desempenho de funções específicas, em tempo de paz ou de guerra, que proporcione condições de ser submetido a situações que podem exigir física e mentalmente seus integrantes de maneira extenuante. O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência de determinados fatores de risco coronariano (hipertensão arterial, colesterol total, HDL, LDL, triacilglicerol, tabagismo, sobrepeso, razão cintura-quadril, diabetes, inatividade física e baixo condicionamento físico) e a relação entre eles em militares da ativa do Exército Brasileiro com idade superior a 40 anos, buscando o delineamento do perfil destes sujeitos em relação às suas atividades. Para tal, foram realizados: exame bioquímico, após jejum de 12 horas, para coleta de sangue e análise dos níveis séricos de colesterol total, colesterol HDL, colesterol LDL, triacilglicerol e glicemia; foi respondido um questionário para levantar informações sobre o estilo de vida dos participantes e a utilização de algum medicamento; foi realizado um levantamento antropométrico e a mensuração da pressão arterial de repouso; e foi realizado o teste de 12 minutos para predizer o consumo máximo de oxigênio dos sujeitos. Com base nos achados, pôde-se notar que a hipertensão arterial apresentou-se em 30,9% dos avaliados e que os níveis séricos de colesterol total, HDL, LDL e triacilglicerol indesejáveis apresentaram prevalências que oscilaram entre 21,7% a 29,3%; porém, os de glicemia em jejum maior que 126 mg.dl-1 apresentaram baixa prevalência. A prevalência de militares que apresentaram sobrepeso em algum grau foi bastante grande e aproximadamente 1 a cada 3 militares não realizavam atividade suficiente para gerar e manter boa saúde, embora a inatividade física tenha estado presente na minoria dos sujeitos avaliados. A faixa etária, a razão cintura-quadril e o tabagismo influenciaram de maneira direta a prevalência dos fatores de risco estudados e o sobrepeso mostrou relação direta (exceção para o tabagismo) e forte (exceção para os níveis de LDL) com os fatores de risco de doença coronariana avaliados (Hipertensão: OR=3,24; Colesterol total=1,74; HDL=2,02; Triacilglicerol=3,59; Glicose=2,28; Consumo máximo de oxigênio fraco e muito fraco=2,23). A prática da atividade física e o condicionamento físico estiveram relacionados inversamente com os fatores de risco estudados, tendo maior associação com o sobrepeso e com os níveis séricos de HDL, triacilglicerol e glicemia em jejum. Finalmente, espera-se ter contribuído para a conscientização e implementação de programas que venham otimizar a saúde dos indivíduos e aumentar a operacionalidade da Força Terrestre, bem como a adoção de campanhas de conscientização e prevenção referentes aos fatores de risco coronariano. |
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