Fatores associados ao excesso de peso e perfis de consumo e comportamento alimentar de adolescentes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Cardoso, Letícia de Oliveira
Orientador(a): Castro, Inês Rugani Ribeiro de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/2606
Resumo: A alimentação inadequada e o excesso de peso (EP) são problemas de grande magnitude na adolescência e se constituem em importantes fatores de risco à saúde ainda nesta fase e também na vida adulta. Com o objetivo de estudar os fatores associados ao EP e identificar perfis de consumo e comportamento alimentar entre adolescentes matriculados na rede pública municipal de ensino do Rio de Janeiro, o presente estudo foi organizado em três artigos. O primeiro revisou de forma sistemática publicações científicas de periódicos indexados que houvessem identificado fatores sociais,ambientais, psicológicos e/ou comportamentais associados ao EP entre adolescentes segundo critérios de inclusão pré-definidos. Foram incluídos e analisados 56 artigos nesta revisão. Observou-se que o nível socioeconômico associou-se inversamente com oEP em países desenvolvidos e de forma direta em países em desenvolvimento. Dieta para emagrecer, número de horas alocadas em TV ou vídeo por dia, presença de mãe ou ambos os pais obesos e ocorrência de EP na infância associaram-se diretamente com oEP. Foram identificados como fatores protetores o hábito de consumir desjejum e a prática de atividade física. Esta revisão auxiliou na formalização de um modelo teórico dos fatores associados ao EP entre adolescentes que foi examinado empiricamente nosegundo artigo. Esse identificou a associação entre fatores individuais e do ambiente escolar e o EP em adolescentes (n=1632) que fizeram parte do segundo inquérito dosistema de vigilância de fatores de risco e proteção à saúde de adolescentes domunicípio do Rio de Janeiro. A frequência de EP nas escolas variou entre zero e 50% e a prevalência média foi de 17,2%. Observou-se que os adolescentes que apresentaram maior chance de EP foram aqueles que estudavam em escolas que não disponibilizavam garfos e facas ou pratos de vidro para os alunos no refeitório da escola, tinham o hábito de comer ou beliscar enquanto assistiam TV ou estudavam, não realizavam atividade física fora da escola em pelo menos um dia nos últimos sete dias e que não moravam com ambos os pais. O terceiro artigo teve por objetivo identificar perfis de consumo e comportamentos alimentares de adolescentes que participaram do mesmo inquérito, bem como descrever suas prevalências, por meio do método de classificação fuzzy, Grade of Membership-GoM. Os quatro perfis gerados, suas freqüências de ocorrência e características estão descritos a seguir. Os quatro perfis gerados, suas frequências de ocorrência e características estão descritos a seguir. Perfil A (22,8%): caracterizou-se pela ausência do hábito de realizar desjejum, de fazer pelo menos três refeições diárias, e pela ausência da presença da mãe ou responsável nas refeições, pelo consumo menos frequente de legumes cozidos, frutas, leite, embutidos, biscoitos e refrigerantes. Perfil B (12,1%): marcado pelo consumo mais frequente de todos os alimentos marcadores de dieta saudável, menos frequente de cinco dos sete marcadores de alimentação não saudável e pela presença de comportamentos alimentares saudáveis. Perfil D (45,8%): caracterizou-se pela presença do hábito de realizar o desjejum e pelo menos três refeições por dia, consumo menos freqüente de legumes cozidos e frutas e de cinco dos marcadores de alimentação não saudável. Perfil C (19,3%): identificou-se pelo consumo mais frequente de todos os alimentos não saudáveis e menos frequente de legumes e frutas. Com base nesses três artigos, conclui-se que variáveis socioeconômicas, comportamentais, familiares, do início da vida e características da escola estão associadas ao EP, reforçando a existência de efeitos individuais e contextuais sobre este agravo à saúde. Além disso, constatou-se que os perfis de consumo e comportamento alimentar mais prevalentes entre adolescentes são marcados por um baixo consumo de frutas e hortaliças. Este estudo sugere que intervenções dirigidas à prevenção e controle do EP em adolescentes devam considerar estes fatores e alerta, também, para a necessidade de ampliação de intervenções visando à promoção da alimentação saudável nesta população.