Suplementação com fórmula infantil em recém-nascidos nas maternidades brasileiras: análise a partir do estudo Nascer no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Silva, Laís Araújo Tavares
Orientador(a): Fonseca, Vânia de Matos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/59285
Resumo: O Passo Seis da Iniciativa Hospital Amigo da Criança compreende não dar a recém-nascidos nenhum outro alimento ou bebida além do leite materno, a não ser que haja uma indicação médica. Apesar das diretrizes que justificam o uso apropriado de fórmula infantil na internação pós-parto, é comum sua utilização sem que haja indicação. Tendo em vista a necessidade de reduzir o uso desnecessário de fórmula infantil no pós-parto, este estudo objetivou analisar fatores associados à suplementação com fórmula infantil em recém-nascidos clinicamente estáveis na maternidade. A pesquisa foi realizada a partir de dados amostrais do estudo “Nascer no Brasil”, coorte nacional de base hospitalar, realizada entre fevereiro de 2011 e outubro de 2012. Foram selecionados os recém-nascidos encaminhados ao alojamento conjunto após o nascimento. Foram excluídos nascidos de mães com sorologia positiva para o Vírus da Imunodeficiência Humana, near miss materno, nascidos com malformações congênitas e internados em Unidade de Terapia Intensiva. Foram excluídos bebês que utilizaram outros líquidos, pois as indicações de seu uso diferem das indicações de suplementação por fórmula infantil. A amostra final incluiu 14.531 puérperas e recém-nascidos. As variáveis foram selecionadas a partir de um modelo conceitual das variáveis distais, intermediárias e proximais associadas ao desfecho. Foi construído um modelo de regressão logística hierarquizado a partir das variáveis cuja associação com o desfecho apresentaram p-valor ≤ 0,20, com nível de significância de 5% para o modelo final. Foram categorizados os motivos relatados pelas puérperas para seu bebê ter recebido fórmula infantil para análise descritiva e exploratória, verificando-se as proporções através de tabelas de contingência. 21,2% dos recém-nascidos receberam fórmula infantil durante a internação. Fatores associados ao uso de fórmula infantil: idade materna ≥ 35 anos (OR=1,51; IC95%:1,30-1,75), pré-natal em serviço privado (OR=2,22; IC:1,72- 2,85) /serviço público e privado (OR=1,67; IC:1,24-2,23), parto cesáreo (OR=1,83; IC:1,41-2,38), gravidez múltipla (OR=3,786; IC:2,02-7,06), não amamentação na sala de parto (OR=1,780; IC:1,43-2,21), parto em hospital privado (OR=1,695; IC:1,02-2,79), prematuridade (OR= 1,656; IC:1,32-2,06), extremos de peso ao nascer (< 2,500 g: OR=2,084; IC: 1,585-2,741/ ≥4,000g: OR=1,672; IC:1,31-2,11), idade adolescente (OR= 0,651; IC:0,55-0,76), baixo nível de escolaridade materna (OR=0,579; IC:0,43-0,77), multiparidade (OR=0,588; IC:0,510-0,678). Metade do total de razões maternas para uso de fórmula correspondeu a “leite não havia descido/ pouco leite”, motivo não aceitável como justificativa para fornecimento de suplemento. Apenas 5,6% corresponderam aos critérios para indicações ou possíveis indicações para a suplementação com fórmula. As razões maternas mais prevalentes são passíveis de intervenção pelos profissionais de saúde, como o aconselhamento e manejo clínico individualizado em amamentação. Dos fatores associados, destacam-se parto cesáreo e a não amamentação na sala de parto, mostrando que é necessário fortalecer políticas que estimulem as boas práticas na assistência ao parto e nascimento, a fim de promover o aleitamento materno exclusivo e proteger mães e recém-nascidos de todas as classes sociais contra o uso indevido de fórmula infantil.