Participação dos idosos brasileiros no mercado de trabalho: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde (2013) e do Estudo Longitudinal de Saúde dos Idosos Brasileiros (2015-2016)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Castro, Camila Menezes Sabino de
Orientador(a): Costa, Maria Fernanda Furtado Lima
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/33956
Resumo: Embora com diferentes dinâmicas temporais, muitos países estão vivenciando o aumento da expectativa de vida e mudanças na composição etária, de grupos mais jovens para os mais velhos. A Organização Mundial da Saúde chama a atenção para a necessidade da promoção do envelhecimento ativo, sem o qual haverá risco de quebra dos sistemas sociais e de saúde em função do envelhecimento da população. Nessa per spectiva, diversos países, incluindo o Brasil estão discutindo estratégias para aumentar a participação dos idosos no mercado de trabalho. Pesquisas em países de alta renda mostraram que uma boa capacidade para o trabalho contribui para que indivíduos mais velhos permaneçam trabalhando, independente de outros fatores relevantes. O objetivo desta pesquisa foi examinar a participação no trabalho remunerado de brasileiros em idades avançadas, investigando os fatores demográficos, físicos, psicológicos, ocupacionais e sociais associados a essa participação, bem como as interações entre esses fatores. Adicionalmente, investigou-se os fatores ao longo da vida associados à capacidade para o trabalho. Como fonte de dados foram utilizadas duas pesquisas de base domiciliar e de âmbito nacional: a Pesquisa Nacional de Saúde – PNS (N=11.177) e o Estudo Longitudinal de Saúde dos Idosos Brasileiros - LSI- Brasil (N=8.903). Utilizando modelos de regressão múltipla tradicionais e o modelo de equação estrutural encontrou-se semelhanças e diferenças nos fatores associados ao trabalho remunerado e à capacidade para o trabalho. Os resultados mostraram que a participação no trabalho remunerado é significativamente mais alta entre os homens. Para ambos os gêneros, a participação no trabalho remunerado diminuiu com a idade e foi mais alta entre aqueles com melhor escolaridade e boa autoavaliação da saúde, independentemente de outros fatores. Os resultados também mostraram que alguns fatores associados à participação no trabalho foram modificados pelo nível de escolaridade, em particular a condição geral da saúde. Em relação à capacidade para o trabalho, os resultados mostraram que para homens e mulheres, boas condições de saúde no início e na fase atual da vida estão associadas a melhor percepção da capacidade para o trabalho em idades avançadas. Os resultados também mostraram que a escolaridade desempenha um papel importante na capacidade para o trabalho entre adultos mais velhos, com melhores condições entre aqueles com escolaridade mais alta. Os resultados do modelo de equação estrutural acrescentaram ao estudo, ao mostrar que a participação no trabalho remunerado de homens e mulheres em idades avançadas ocorre por mecanismos diferentes. A participação no trabalho remunerado das mulheres apresentou maior associação com o nível socioeconômico, enquanto a participação dos homens apresentou maior associação com a capacidade para o 10 trabalho. Apenas para o grupo das mulheres, o trabalho remunerado apresentou associação indireta e negativa com a aposentadoria e a exigência física do trabalho anterior. Esse achado reforça a hipótese de que o trabalho remunerado pode representar uma sobrecarga para a saúde das mulheres quando a qualidade do emprego é baixa e se associa com o trabalho doméstico para a própria família. Concluindo, os resultados evidenciaram a complexidade da participação no trabalho remunerado de indivíduos em idades avançadas. Estudos que analisam a participação dos idosos no mercado de trabalho devem abordar uma perspectiva do curso de vida, considerando os fatores em seus diferentes níveis (micro, meso e macro). Além disso, devem verificar se as relações entre os fatores associados a essa participação se mantêm ao longo do tempo.