Uso combinado da curcumina com o dissulfiram e seu metabólito, DETC na quimioterapia antimalárica experimental: novos rumos terapêuticos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Santos, Alene Vanessa Azevedo
Orientador(a): Santos, Marcos André Vannier dos, Soares, Milena Botelho Pereira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Centro de Pesquisas Gonçalo Moniz
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34014
Resumo: A malária é uma doença que acomete milhões de pessoas no mundo e está relacionada a países subdesenvolvidos. O uso de medicamentos continua sendo a forma mais eficaz de tratamento e controle da doença. Entretanto, vários parasitos vêm apresentando resistência contra os quimioterápicos disponíveis. O uso clínico frequente destes fármacos, por muitas décadas, em extensas áreas endêmicas favorecem a seleção de cepas resistentes, responsáveis pelos casos refratários, cada vez mais comuns. A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza que o tratamento da malária seja feito através da combinação de fármacos na tentativa de diminuir a seleção de cepas resistentes. No presente estudo, apresentamos a combinação de dois compostos que demonstraram efeito promissor na quimioterapia da malária, in vitro e in vivo. Estudos mostraram que um dos compostos, o dietilditiocarbamato de sódio (DETC) e o seu precussor, o dissulfiram foram capazes de reverter o fenótipo de resistência, inibindo a atividade de glicoproteínas P. Outra propriedade importante é a capacidade destes fármacos inibirem a atividade superóxido dismutase. As células infectadas, o protozoário per se e o plasma dos pacientes apresentam esta enzima, a qual constitui um fator de virulência e marcador de quadros graves de malária. Outro composto empregado, produto natural curcumina, testado em Plasmodium sp., demonstrou atividade antimalárica. Objetivamos avaliar se a combinação entre os dois compostos poderia ser uma alternativa na quimiterapia antimalárica. A curcumina, o DETC e o dissulfiram demonstraram ação antimalárica in vitro com IC50 de 9,22, 35,5 e 20,2 μM, respectivamente. As combinações destes fármacos mostraram efeito antimalárico altamente sinergístico, com valor de Concentração Inibitória Fracionada (FIC) de 0,000175 entre o DETC e a curcumina e 0,00028 entre o dissulfiram e a curcumina, bem como nos isobologramas. As medidas de citotoxicidade revelaram a IC50 do DETC na combinação de 63,10 μM, enquanto que na proliferação de P. falciparum in vitro a combinação com Curcumina a IC50 do DETC obtido foi de 0,00621 μM, demonstrando que a combinação é cerca de 10.000 vezes mais tóxica para os parasitos do que para as células de mamífero, sem apresentar atividade hemolítica. O índice de seletividade calculado para a combinação foi de 10.161,03. A citotoxicidade do dissulfiram na combinação não apresentou um efeito dose-resposta, o que impossibilitou a determinação da IC50 bem como o cálculo do índice de seletividade. A curcumina inibiu a formação de hemozoína na mesma faixa de concentração que a cloroquina e induziu a formação de espécies reativas de oxigênio, detectáveis por microscopia de fluorescência e citometria de fluxo, nos parasitos. A análise ultraestrutural demonstrou alterações de compartimentos da via endocítica e de formação de hemozoína, corroborando as dosagens bioquímicas. Os experimentos em camundongos (Mus musculus) com Plasmodium berghei demonstraram que os dois fármacos tiveram atividade antimalárica inferior a da cloroquina, mas a combinação Curcumina-DETC teve atividade aumentada (mais de 40% de promoção da sobrevivência), aproximando-se da atividade da cloroquina. Estes resultados sugerem que combinações de curcumina com DETC podem constituir promissoras alternativas terapêuticas na malária humana.