Iluminismo e ciência luso-brasileira: uma semiologia das doenças nervosas no período joanino

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Silva, Simone Santos de Almeida
Orientador(a): Facchinetti, Cristiana
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/19961
Resumo: A tese examina uma das diversas contendas entre médicos e cirurgiões em Minas Gerais, no início do século XIX. A análise é feita a partir da documentação sobre uma beata, irmã Germana Maria da Purificação (1782-1853), que apresentava manifestações extáticas na Capela de Nossa Senhora da Piedade da Serra, em Caeté. Um diagnóstico sobre o caso, organizado por dois cirurgiões, Antonio Pedro de Sousa e Manuel Quintão da Silva, defendia que a beata era vítima de fenômenos sobrenaturais. Tal interpretação foi recusada por um médico mineiro diplomado na Europa, Antônio Gonçalves Gomide (1770-1835), em obra intitulada Impugnação Analítica, publicada pela Imprensa Régia no ano de 1814. Esse documento permite examinar o universo da medicina no início do século XIX no Brasil, ficando clara a rivalidade entre médicos e cirurgiões. O objetivo do trabalho é discutir esse contexto de tensão, quando a medicina buscava se estabelecer como ciência e os médicos procuravam situar-se como detentores exclusivos dos saberes acerca da cura de enfermidades, e como as únicas autoridades capazes de estabelecer diagnósticos verdadeiros para as moléstias. Inaugurando uma contenda que iria persistir por toda a primeira metade do século XIX, o médico, como intelectual luso-brasileiro, defendeu que a enfermidade era de origem patológica. A tese pretende demonstrar que o médico, ao explicar as manifestações patológicas da beata como enfermidade, uma doença nervosa, produziu o que pode ser considerado uma das primeiras documentações sobre o alienismo no Brasil, abrindo caminho para o debate sobre essa especialidade médica moderna no país. O trabalho apresentado busca demonstrar que o conhecimento científico acerca da alienação já circulava no país pelo menos desde a década de 1810.