Atividade física e fatores associados entre os Xavante do Brasil Central

• Ano de defesa: 2012
• Autor(a) principal: Lucena, José Rodolfo Mendonça de
• Orientador(a): Welch, James Robert
• Tipo de documento: Dissertação
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/24628

Ao longo das últimas décadas a população mundial vem experimentando acelerado processo de transição epidemiológica e nutricional, com importantes modificações nos padrões de morbi-mortalidade. Estas transformações são verificadas também entre os povos indígenas brasileiros. A OMS aponta a inatividade física como um dos principais fatores de risco responsáveis por tais modificações no perfil de saúde da população mundial. Estudar o padrão de atividade física e seus fatores de risco é de fundamental importância para compreendermos estas transformações na saúde dos indígenas brasileiros. O objetivo deste estudo é caracterizar os padrões de atividade física e sua associação com variáveis sociodemográficas, nutricionais e tabagismo em indivíduos maiores de 18 anos de ambos os sexos em duas aldeias indígenas Xavante do Brasil Central. Trata-se de um estudo de corte transversal, sendo realizadas duas coletas em momentos diferentes. O questionário IPAQ foi o instrumento utilizado para coleta de dados referentes ao padrão de atividade física. Além disso, foram coletados dados referentes ao estado nutricional por meio do IMC e porcentagem de gordura corporal por meio de bioimpedância, sexo, idade, aldeia, renda domiciliar, escolaridade e tabagismo. Primeiramente, foi realizado o teste de confiabilidade do IPAQ, por meio do teste Kappa. A coleta referente ao mês de fevereiro de 2011 foi escolhida para dar continuidade às análises. Na primeira etapa foram descritas as prevalências de inatividade física segundo o sexo do participante. Para avaliar se as diferenças observadas nas prevalências foram estatisticamente significativas foi aplicado o teste Qui-Quadrado (2 ) de Pearson considerando o nível de significância de 5,0%. Além disso, foram calculadas as razões de prevalência brutas, com seus respectivos intervalos com 95,0% de confiança para cada uma das características estudadas por meio da regressão de Poisson com variância robusta. O resultado do teste Kappa demonstrou uma confiabilidade razoável para o IPAQ. A intensidade de atividade física que mais contribui para o perfil físico das mulheres foi a moderada. Já para os homens, foram as atividades vigorosas. A prevalência de inatividade física foi de 18,7%, sendo maior entre os homens (23,1%) em comparação às mulheres (14,2%). Embora as análises bivariadas não tenham apresentado associações estatisticamente significantes entre inatividade física e as demais variáveis, foram encontrados padrões interessantes, como no caso da idade, em que foi verificada maior prevalência de inatividade nos grupos etários mais velhos. De uma maneira geral, a prevalência de inatividade física foi similar ao encontrado em outras populações mundiais, inclusive entre o povo indígena Terena, que apresentou prevalência de 15,1%. Com relação ao padrão de atividade física segundo sexo, os Xavante apresentaram comportamento diferente ao encontrado em outros estudos em populações indígenas ao redor do mundo, com as mulheres mais inativas fisicamente em comparação aos homens. A presente pesquisa fornece importantes resultados para o entendimento do perfil de saúde desse povo, ajudando a compreender processo de transição nutricional/mudanças socioculturais, econômicas e ambientais e assim, contribuir para a construção e planejamento de políticas de saúde públicas mais adequadas à realidade deste povo.