Epidemiologia da anemia em crianças e adolescentes Xavante das terras indígenas Pimentel Barbosa e Wedezé, Mato Grosso

• Ano de defesa: 2020
• Autor(a) principal: Lucena, José Rodolfo Mendonça de
• Orientador(a): Welch, James Robert
• Tipo de documento: Tese
• Tipo de acesso: Acesso aberto
• Idioma: por
• Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/58588

A anemia é uma condição na qual o número de glóbulos vermelhos ou a concentração de hemoglobina está inferior ao normal nos organismos. Tais condições prejudicam o funcio-namento de diversas maneiras dos indivíduos, aumentando as taxas de mortalidade de crian-ças e adultos. A anemia ferropriva é considerado uma das principais carências nutricionais em todo o globo. Ao analisarmos as prevalências de anemia os povos indígenas no Brasil e no mundo apresentam mais altas prevalências de anemia em comparação a população não indíge-na. O objetivo desta pesquisa é compreender a epidemiologia da anemia entre crianças e ado-lescentes Xavante com idade entre 6 e 179 meses de ambos os sexos, residentes nas terras indígenas Pimentel Barbosa e Wedezé, analisando os principais fatores de risco e proteção nos diferentes grupos de idade. Para obter os níveis de hemoglobina, foi utilizado um hemoglobi-nômetro. Inicialmente foram realizadas análises descritivas dos níveis de hemoglobina. Após a exploração inicial dos dados foi utilizado o teste t Student para avaliar a diferença média da concentração de hemoglobina nos grupos de idade entre os sexos. Em seguida foram explora-das as prevalências de anemia de acordo com as características geográficas, econômicas, soci-ais e de saúde para identificar os fatores de risco e proteção para anemia por meio do teste Qui-Quadrado (x2) de Pearson. Por fim, foram estimadas as razões de prevalência bruta e ajustadas e criados modelos explica-tivos para anemia para os sexos masculino, feminino e ambos os sexos de cada um dos quatro grupos de idade utilizando a regressão de Poisson com variância robusta. As maiores preva-lências de anemia se encontram nas faixas de idade menores, em especial, entre as crianças com 6 a 23 meses com valor de 76,4%, seguido das crianças com idade entre 24 a 59 meses (53,5%). Foi observado que na entrada na adolescência meninos (12,2g/dL) e meninas (11,5g/dL) diferenciam significativamente nas concentrações de hemoglobina. Três caracterís-ticas chamaram a atenção como fator de risco para a anemia: domicílios com mais de uma cri-ança/adolescente com anemia, fonte de água utilizada no domicílio e grupo de aldeias a que a criança ou adolescente pertencia. A anemia é uma doença endêmica, sendo devido, principal-mente, a carência nutricional. Para controlar a anemia, deve ser tratada como uma questão complexa de resolver de caráter multidisciplinar, interinstitucional e que envolve a participação da população na luta de seus direitos.