Mecanismos de Regulação Autofágica em Pacientes com Hanseníase e seu Papel na Imunopatogênese da Reação Reversa em Pacientes Multibacilares

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Silva, Bruno Jorge de Andrade
Orientador(a): Pinheiro, Roberta Olmo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/19717
Resumo: A hanseníase é uma doença infecciosa crônica que pode apresentar diferentes formas clínicas de acordo com a resposta imune do hospedeiro. Pacientes paucibacilares tuberculoides (BT) apresentam níveis significativamente elevados de IFN\03B3 em comparação aos pacientes lepromatosos multibacilares (LL). O IFN\03B3 estimula os macrófagos para uma resposta pró-inflamatória e induz um mecanismo antimicrobiano chamado de autofagia. No entanto, o papel da autofagia na resposta imune contra Mycobacterium leprae permanece desconhecido. Neste trabalho, nós demonstramos por diferentes métodos que quando comparados aos pacientes LL, os pacientes BT apresentam uma maior formação de autofagossomos LC3-positivos nas lesões de pele e em macrófagos isolados das lesões. Nós observamos um acúmulo dos receptores autofágicos SQSTM1/p62 e NBR1, uma reduzida expressão dos peptídeos antimicrobianos lisossomais CAMP e DEFB4, e um bloqueio na formação de autolisossomos nas células de lesões de pele de pacientes LL, indicando que o fluxo autofágico foi inibido nesse grupo, o que pôde ser restaurado através do tratamento in vitro das células com IFN\03B3 ou rapamicina. A análise da via de autofagia através de expressão gênica por qPCR revelou um aumento significativo dos níveis de mRNA de genes autofágicos (BECN1, GPSM3, ATG14, APOL1 e TPR) em células de lesões de pele de pacientes BT, e a análise de enriquecimento gênico mostrou que as lesões de pacientes BT são predominantemente enriquecidas em termos de ontologia gênica associados à autofagia e interações autofágicas em comparação com as lesões de pacientes LL. Além disso, foi observada uma expressão aumentada de genes da via autofágica (TPR, GFI1B e GNAI3), assim como um aumento dos níveis de LC3 nas células de pacientes lepromatosos que desenvolveram episódios de reação reversa, uma condição clínica inflamatória aguda associada ao aumento dos níveis de IFN\03B3 Por fim, observamos um aumento na síntese de Bcl-2 em células de lesões de pele de pacientes LL, o que poderia ser responsável pelo bloqueio da autofagia mediada por Beclina-1 nesses indivíduos. Adicionalmente, experimentos in vitro demonstraram que a micobactéria morta, mas não a viva, pode induzir autofagia em monócitos humanos primários e da linhagem THP-1, e que M. leprae vivo pode reduzir a ativação autofágica desencadeada por M. leprae morto, sugerindo que M. leprae pode bloquear a maquinaria autofágica como um mecanismo de escape do sistema imune. Em conjunto, estes resultados indicam que a autofagia é um importante mecanismo inato associado ao controle de M. leprae em macrófagos de pele