Envolvimento dos receptores P2X7 e A2a na patogênese causada pelo Mycobacterium leprae

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Pereira, Antonio Marcos Rodrigues
Orientador(a): Pessolani, Maria Cristina Vidal, Moreira, Marcia de Berredo Pinho
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/43241
Resumo: A hanseníase, causada pelo Mycobacterium leprae, um bacilo intracelular obrigatório com tropismo por macrófagos e células de Schwann, é uma doença infecciosa que acomete a pele e os nervos periféricos e pode acarretar danos irreversíveis se não tratada. O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial entre os países com maior número de casos doença, o que torna essa enfermidade um importante problema de saúde pública. ATP e adenosina (ADO) extracelulares, assim como um conjunto de ecto-enzimas e receptores constituem os principais mediadores do sistema purinérgico. Este sistema vem sendo amplamente descrito regulando respostas imunes em diferentes modelos de doenças, inclusive infecciosas como a tuberculose. Entretanto, nada foi estudado até os dias atuais sobre o papel deste complexo sistema com relação a patogênese da hanseníase. Assim, o presente estudo buscou avaliar a participação deste sistema na interação de monócitos humanos com o M. leprae. Nossos dados, obtidos a partir de experimentos in vitro, usando as técnicas de citometria de fluxo e western blotting mostram que o M. leprae aumenta a expressão das ecto-enzimas CD39 e CD73 e adenosina desaminase (ADA) que hidrolisam ATP/ADP em AMP, AMP em ADO e ADO em inosina (INO) respectivamente, após 24h de infecção, entretanto, após 48h de infecção a expressão de CD73 e ADA parecem ser diminuídas frente a infecção Estes dados sugerem que a regulação dos níveis extracelulares destes mediadores purinérgicos parece ser relevante na interação monócito-M. leprae. A infecção também aumentou a expressão de panexina 1, uma proteína envolvida na secreção de ATP, mas diminui a expressão do receptor P2X7, que ativa uma resposta pró-inflamatória, e aumenta a expressão do receptor A2A, um potencial receptor anti- inflamatório. Estes dados em conjunto suportam a hipótese de que a infecção deve estar reduzindo os níveis extracelulares de ATP, em contrapartida, deve aumentar os níveis de ADO/INO no meio extracelular após 24h, entretanto, após 48h, os níveis de ADO/INO estariam reduzidos. Dados de LC-MS/MS mostram que a infecção após 48h reduz os níveis de INO e de seus metabólitos, hipoxantina, xantina e ácido úrico, quando comparada às células não infectadas, sugerindo que a produção de ácido úrico não seria benéfica para o estabelecimento da infecção. Observamos, ainda por ensaios de ELISA usando agonistas e antagonistas do receptor A2a, que este parece regular positivamente a produção de IL-10 e IL-1beta e da quimiocina MCP1, entretanto, sua ativação reduz a produção de IL8. A produção de IL-1beta também foi aumentada com o tratamento com ATP. M. leprae subverte o metabolismo lipídico do hospedeiro em seu benefício e a literatura mostra que o receptor P2X7 e receptor A2a estão envolvidos na homeostase lipídica.