Estudo das percepções de estudantes da rede pública e da helmintofauna associada ao caramujo africano Achatina fulica Bowdich, 1822 (Mollusca, Gastropoda) em Barra do Piraí (RJ): subsídios para uma intervenção educativa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Pereira, Zilene Moreira
Orientador(a): Monteiro, Simone de Souza, Thiengo, Silvana Carvalho
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4048
Resumo: Achatina fulica, ou caramujo africano, foi introduzido no Brasil em meados da década de 1980 para ser comercializado como “escargot”. No entanto, em virtude da baixa demanda do mercado consumidor, os criadores desativaram seus plantéis, gerando fuga ou liberação intencional de exemplares que, livres no ambiente, espalharam-se rapidamente por quase todo país (24 estados mais o Distrito Federal). As “densas” populações do caramujo africano causam uma série de problemas, como a destruição de hortas e jardins, competição com a fauna nativa, além de poderem transmitir zoonoses como a angiostrongilose abdominal e a meningite eosinofílica. A exemplo do que ocorre em outras partes do país, o Município de Barra do Piraí, Estado do Rio de Janeiro, encontra-se também infestado. Visando contribuir para o enfrentamento dos danos causados por essa espécie, o presente estudo objetivou: pesquisar a helmintofauna de populações de A. fulica em alguns bairros de Barra do Piraí quanto à presença de larvas de helmintos de importância médico-veterinária; analisar as percepções relacionadas ao caramujo africano entre estudantes do Ensino Fundamental de uma escola pública estadual no referido município. A pesquisa, de abordagem qualitativa, foi realizada em duas etapas: 1) coleta de exemplares de A. fulica nos bairros Arthur Cataldi, Dorândia, Química, Boca do Mato e São João no período de fevereiro de 2008 a novembro de 2009, os quais foram analisados no Laboratório de Malacologia do Instituto Oswaldo Cruz/Fiocruz (Referência Nacional em Malacologia Médica); 2) aplicação de 82 questionários e a realização de quatro grupos focais com alunos do Ensino Fundamental, além de observações de campo. Os resultados obtidos ao longo do trabalho “comprovam” que há uma infestação de caramujos africanos no município. A pesquisa da helmitofauna revelou que caramujos provenientes de dois dos cinco bairros analisados, quais sejam, Química e Dorândia, apresentaram o nematódeo Angiostrongylus cantonensis causador da meningite eosinofílica no homem. Além disso, também foram encontrados no município os nematódeos Strongyluris-like e Aelurostrongylus abstrusus que causam doenças em animais. Os dados referentes ao estudo das percepções revelaram que os alunos identificam a presença do caramujo africano no contexto no qual estão inseridos, e embora a maioria acredite que esse animal possa causar doenças, apenas uma minoria afirma conhecer pessoas que tiveram problemas com o caramujo. Os dados igualmente apontam para divergências entre a visão dos alunos e o conhecimento científico sobre as formas de controle de A. fulica e os tipos de agravos, em função do contato ou ingestão dessa espécie. Os laudos referentes ao exame dos moluscos e as recomendações aos órgãos municipais sobre o controle e monitoramento A. fulica já foram encaminhados à secretaria de saúde do município para que sejam tomadas as devidas providências. Da mesma forma o trabalho será disponibilizado aos professores da escola que participou desta pesquisa para que suas contribuições possam auxiliar na prática docente. Espera-se que os resultados deste trabalho possam subsidiar o desenvolvimento de ações de controle e monitoramento de A. fulica no município, bem como ações educativas em contextos formais e não formais de ensino para trabalhar com essa temática, adequadas à realidade da comunidade.