A intenção de abandonar a profissão entre enfermeiros de grandes hospitais públicos no Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Oliveira, Daiana Rangel de
Orientador(a): Rotenberg, Lúcia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/36262
Resumo: Na última década a escassez e a alta rotatividade de enfermeiros têm sido reconhecidas como um problema mundial, sendo pesquisadas de forma mais intensa na Europa. Esses fenômenos são frequentemente investigados através da variável intenção de abandonar a profissão, definida como a antecipação de desocupar o emprego em um futuro previsível. A presente dissertação teve o objetivo de analisar a intenção de abandonar a profissão em enfermeiros de grandes hospitais públicos segundo as características sociodemográficas, ocupacionais e de saúde mais comumente associadas à intenção de sair, de acordo com a literatura. Para a análise dos dados utilizou-se o banco de dados do estudo intitulado “Trabalho noturno e sua associação com fatores de risco para doenças cardiovasculares entre enfermeiros – O Estudo da Saúde dos Enfermeiros”. Trata-se de pesquisa de desenho seccional realizada nos dezoito maiores hospitais públicos do Rio de Janeiro. Participaram deste estudo 3229 enfermeiros que atuavam diretamente na assistência entre abril de 2010 e dezembro de 2011, através de um questionário multidimensional, auto-preenchível. O desfecho - intenção de abandonar a profissão – foi definido como o pensamento de deixar a enfermagem com frequência igual ou maior que algumas vezes por mês. Foi utilizado o modelo hierárquico para analisar o desfecho quanto à associação com fatores sociodemográficos (Bloco I), variáveis ocupacionais (Bloco II) e a saúde autorreferida (Bloco III). Foram descritos os odds ratio (OR) ajustados e seus respectivos intervalos de 95% de confiança no modelo múltiplo. Cerca de um quinto do grupo (22,1%) referiu à intenção de abandonar a profissão. Entre os que referiram insatisfação com o trabalho em enfermagem, quase 60% referiu intenção de sair da profissão. A procura de emprego fora da enfermagem foi fortemente associada com o pensamento frequente de abandonar a profissão (p < 0,001). No modelo final após todos os ajustes, as variáveis mais fortemente associadas à intenção de abandono foram: o trabalho em alta exigência (OR = 2,53), o trabalho passivo (OR = 2,09), o desequilíbrio esforço-recompensa (OR = 2,02), a autoavaliação da saúde ruim (OR = 1,94) e o excesso de comprometimento com o trabalho (OR = 1,86). Além disso, as chances de referir à intenção de abandonar a profissão foram maiores nos que referiam trabalho ativo, com pouco apoio do supervisor, do sexo masculino, os mais jovens, aqueles que não trabalhavam na saúde antes de serem enfermeiros e não tinham cargo de chefia. Destaca-se que a intenção de abandonar a enfermagem é um indicador que antecipa a ação real de saída. Por isso, deve ser avaliada continuamente e merece ser estudada para subsidiar a elaboração de ações voltadas para a redução da saída precoce da profissão, particularmente em relação aos fatores psicossociais e à saúde dos trabalhadores.