Teste de caminhada de seis minutos e atenção farmacêutica na avaliação e terapia de portadores de insuficiência cardíaca por doença de Chagas crônica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Chambela, Mayara da Costa
Orientador(a): Saraiva, Roberto Magalhães, Silva, Gilberto Marcelo Sperandio da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/26847
Resumo: A doença de Chagas afeta de 6 a 7 milhões de pessoas e a maioria desses pacientes é acompanhada em serviços de saúde com recursos limitados. Porém, é possível o uso de tecnologias simples tanto para a avaliação quanto para a otimização do tratamento clínico permitindo melhorar a qualidade de vida de pacientes com doença de Chagas e insuficiência cardíaca (IC). Este estudo teve como objetivo avaliar novas ferramentas para serviços de saúde em área endêmica ou de atenção primária na avaliação e terapia de pacientes com cardiopatia chagásica crônica. Primeiramente, avaliamos a segurança e a viabilidade do teste de caminhada de seis minutos (TC6M) em população de pacientes com doença de Chagas complicada por IC. Depois avaliamos a capacidade da Atenção Farmacêutica (AF) em promover a melhora da qualidade de vida destes pacientes por meio de ensaio clínico randomizado. Na avaliação do TC6M, quarenta pacientes adultos (19 homens; 60 ± 12 anos) com doença de Chagas e IC foram incluídos neste estudo transversal. O TC6M foi realizado seguindo diretrizes internacionais. A classificação funcional da New York Heart Association (NYHA), níveis séricos de peptídeo natriurético cerebral (BNP), parâmetros ecocardiográficos e qualidade de vida (questionários SF-36 e MLHFQ) foram determinados e correlacionados com a distância percorrida no TC6M. A fração de ejeção média do Ventrículo Esquerdo (VE) foi de 35 ± 12%. Somente dois pacientes (5%) interromperam a caminhada antes dos 6 minutos. Não houve eventos cardíacos durante o teste A distância média percorrida foi de 337 ± 105 metros. A distância percorrida apresentou correlação negativa com o BNP (r = -0,37; p = 0,02), a pontuação do teste de qualidade de vida MLHFQ (r = - 0,54; p = 0,002), a pressão sistólica da artéria pulmonar (PSAP) (r = -0,42; p = 0,02) e o grau de disfunção diastólica (r = -0,36; p = 0,03) e insuficiência mitral (r = -0,53; p = 0,0006) e apresentou correlação positiva com vários domínios do questionário de qualidade de vida SF- 36. No ensaio clínico, foram randomizados 81 pacientes, 41 no grupo controle e 40 no grupo intervenção. A média de idade desses pacientes foi de 61 ± 11 anos. As pontuações de 6 dos 8 domínios do SF-36 apresentaram variações significativas, na qual o grupo intervenção (recebeu AF), apresentou melhor evolução da qualidade de vida em relação ao grupo controle (recebeu Assistência Farmacêutica Padrão (AFP) durante o seguimento. O mesmo foi observado com o MLHFQ, com os problemas relacionados a medicamentos (PRMs) e adesão. As únicas variáveis que não apresentaram diferenças significativas foram dor, limitação por aspectos emocionais e BNP. Conclui-se que o TC6M foi realizado de forma segura e a distância percorrida correlaciona-se com o BNP, a qualidade de vida e parâmetros de função diastólica do VE em pacientes com doença de Chagas e IC. Por meio do ensaio clínico observou-se que o grupo que recebeu a AF teve melhora na qualidade de vida e na adesão aos tratamentos propostos, assim como redução na frequência de PRMs. Portanto, propõe-se a adoção dessas ferramentas em áreas endêmicas ou serviços de atenção primária.