Estudo dos casos agudos de Doença de Chagas no Maranhão, Brasil, e sua relação com a pobreza

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Cutrim, Flávia Estella Rego Furtado
Orientador(a): Junqueira, Angela Cristina Verissimo, Gonçalves, Eloisa da Graça do Rosario
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/49474
Resumo: A doença de Chagas no estado do Maranhão, Brasil, com enfoque nos casos agudos ocorridos e registrados de 1975 a 2016, foi estudada através de um estudo descritivo observacional. O estudo foi dividido em duas vertentes: longitudinal prospectiva e de coorte retrospectiva com agregados de casos, na perspectiva de definir as características amplas do agravo no Maranhão e sua relação com a pobreza. Foram analisadas variáveis clínico-laboratoriais e epidemiológicas, a partir das fichas de investigação do SINAN, do banco de dados da Coordenação do Programa Estadual e nas Regionais de Saúde, prontuários médicos, coleta observacional nos municípios com registros de casos e aplicação de questionários focais. Resultados mostram a ocorrência de 88 casos no período, com 31/217 (14,3%) municípios maranhenses envolvidos ao local provável de infecção, sendo 71/88 (80,7%) oriundos da zona rural. A transmissão vetorial foi a mais frequente, 61,4% dos casos, seguida da transmissão oral, 38,6%, sem registros de casos com outras formas de transmissão, 63,6% considerados casos isolados e 36,4% em forma de surtos. Devido a estes, Turilândia (surto com bacaba), São Roberto (surto com caldo de cana) e Pinheiro (surto com açaí) registraram os maiores números de casos por município. A caracterização de gênero, idade e ocupação/escolaridade foi possível em 84% deles (74/88). Houve predomínio do sexo masculino (77%), com mais de 50 anos (21,6%), lavrador (47,4%), com ensino fundamental incompleto (41%). A estrutura dos domicílios, na sua maioria, com paredes de alvenaria sem reboco (50%) e taipa (32,4%), cobertura de telhas (50%) e palha (22%), não possuíam água encanada e esgoto (55%). A busca retrospectiva resgatou 9 casos, todos tratados com Benznidazol, para reavaliação clínicolaboratorial e mostrou 22,2% com sorologia negativa, e as principais alterações cardiológicas foram bloqueio do ramo direito e extrassístoles ventriculares, sendo que um caso confirmou as alterações no ecocardiograma e no Holter. Anamnese subjetiva não sugeriu evolução para forma digestiva. As manifestações clínicas mais frequentes de fase aguda, em toda amostra estudada (74 casos), foram febre (90,5%), cefaleia (85,1%), mialgia (82,4%) e edema de face e membros inferiores (58,1%). A avaliação cardiológica na fase aguda nos casos prospectivos (21 casos) mostrou bloqueio de ramo direito com reversão (28,5%), taquicardia sinusal (23,8%), diminuição do relaxamento ventricular (9,5%), insuficiência mitral (9,5%) e extrassístoles ventriculares/supraventriculares (9,5%). Óbito foi registrado em 9,5% (2/21) dos casos prospectivos, sendo um por complicação cardíaca e um de causa hemorrágica mal definida. As espécies de triatomíneos mais capturadas nas investigações dos casos foram Rhodnius pictipes e Panstrongylus lignarius ambos positivos para Trypanosoma cruzi. A maioria dos munícipios notificadores (58%) possuem IDHM classificado como baixo, contudo, não foi encontrada, no modelo empregado, relação estatística com a pobreza. Com os conhecimentos gerados, foi sugerido informe técnico a ser aplicado na atenção ao paciente acometido pela doença dentro do sistema de saúde e ainda nas ações de prevenção, vigilância e controle da doença de Chagas em um estado ainda considerado não endêmico, mas que sugere risco de endemicidade para o agravo.