Esporotricose óssea: casuística histórica de um centro de referência em uma região hiperendêmica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Ramos, Vanessa
Orientador(a): Freitas, Dayvison Francis Saraiva, Galhardo, Maria Clara Gutierrez
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/27469
Resumo: A esporotricose é uma micose subcutânea causada pelo complexo de espécies Sporothrix schenckii, apresenta distribuição mundial e é atualmente hiperendêmica no estado do Rio de Janeiro. O quadro clínico mais comum é o de lesões cutâneas associadas ou não ao acometimento linfático regional, porém alguns pacientes podem apresentar a forma disseminada da doença, com presença de lesões extracutâneas. O objetivo deste estudo foi descrever os casos de esporotricose óssea atendidos em um hospital de referência do Rio de Janeiro \2013 Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Fundação Oswaldo Cruz, entre 1999 e 2016, caracterizando o perfil clínico, radiológico e evolutivo destes casos. Foram avaliados 41 casos de esporotricose com acometimento ósseo, a maior casuística realizada sobre o tema até o momento. Houve predomínio de não brancos (73,2%), sexo masculino (58,5%), escolaridade menor que 9 anos (58,5%) e a mediana de idade foi 43 anos. O gato doméstico infectado com esporotricose apresentou-se determinante na epidemiologia da doença, presente em 70,7% dos casos. A infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) esteve presente em 51,2% dos casos Os ossos mais frequentemente acometidos foram os das mãos, seguidos pelos dos pés e tíbia, com predomínio de lesões líticas. A cura clínica, até o momento, foi alcançada em 53,7% dos casos, com uma mediana de tempo de tratamento de 15 meses. O tratamento mais utilizado foi a combinação de anfotericina B intravenosa e itraconazol via oral. Caracterizamos dois perfis clínicos distintos, um de pacientes do sexo masculino, com condições imunossupressoras, tendendo a apresentar acometimento de múltiplos ossos e doença mais grave, e outro, de pacientes do sexo feminino, sem condições imunossupressoras, tendendo a apresentar acometimento ósseo unifocal, com melhor evolução clínica. A cor branca e o acometimento ósseo unifocal estiveram associados a uma maior razão de taxas de cura, sendo o acometimento ósseo unifocal o principal preditor (4,84, p<0,01). Em 12,2% dos casos, houve sequelas importantes, como amputações ósseas e anquiloses. A esporotricose óssea pode apresentar quadros graves, principalmente em pacientes imunossuprimidos, com alta morbidade e possíveis sequelas, configurando desta forma um problema de saúde de extrema relevância no estado do Rio de Janeiro.