Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Cunha, Rodrigo Pernas |
Orientador(a): |
Freitas, Dayvison Francis Saraiva |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/60613
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Resumo: |
A esporotricose é uma micose subcutânea causada por fungos do gênero Sporothrix, com distribuição mundial e hiperendêmica no estado do Rio de Janeiro. A forma linfocutânea é a mais comum, com raros casos de disseminação. Desde 1998, com o aumento dos casos humanos de transmissão zoonótica por gatos, o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é centro de referência na assistência e pesquisa desta micose. O principal grupo acometido é de mulheres entre a 4ª e 6ª décadas de vida, englobando parte daquelas em idade fértil. Não há indícios de transmissão vertical. Entretanto, a esporotricose na gestação é um desafio terapêutico, pelos potenciais riscos do itraconazol ao feto, assim como das principais alternativas farmacológicas, iodeto de potássio e terbinafina. A anfotericina B apresenta toxicidade e dificuldade no seu manejo, mas é usada em casos graves. Termoterapia com calor local, criocirurgia, curetagem e drenagem das lesões passam a ser importantes nesse grupo. Ao longo dos mais de 20 anos neste contexto zoonótico, algumas dezenas de gestantes foram atendidas no INI-Fiocruz, sem, contudo, ter havido uma consolidação da casuística institucional. Este estudo teve por objetivo descrever os casos de esporotricose em gestantes atendidas no INI, entre janeiro de 1998 e agosto de 2020, caracterizando seu perfil sociodemográfico, epidemiológico, clínico e evolutivo. As participantes atendidas entre dezembro de 2019 e agosto de 2020 foram convidadas a responder uma entrevista acerca de sua percepção quanto aos riscos da esporotricose para o bebê. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do INI. Foi feita uma busca no sistema de prontuários eletrônicos e bancos de dados institucionais a fim de se resgatar os registros das pacientes que estavam gestantes durante o tratamento da esporotricose. Foram coletados dados de 48 pacientes, com mediana de idade de 26 anos, predomínio de residência no município do Rio de Janeiro (21; 43,8%) e ocupação do lar (15; 31,3%). O contato com gato (42; 87,5%) foi a mais frequente fonte provável de transmissão. A forma linfocutânea nos membros superiores foi a mais comum (21/48; 43,8%). Em geral, as gestantes não possuíam comorbidades (41/48; 85,4%). O tratamento empregado antes do atendimento no INI foi predominantemente farmacológico (11/13; 84,6%) e, no INI, foi instituída a termoterapia isolada em 32 (66,7%) e associada à criocirurgia em 12 (25%) pacientes. Houve cura das 31 gestantes para as quais esta variável esteve disponível, com mediana de 29,1 semanas de tratamento e, quanto ao desfecho da gestação, 19/28 (67,9%) das participantes evoluíram com gestação típica até o parto. Os bebês nasceram saudáveis em 18/27 (66,7%) casos. Nesta consolidação institucional, as gestantes representaram 1% dos cerca de 5.000 casos de esporotricose atendidos no INI no mesmo período. As características demográficas deste grupo de gestantes são semelhantes às das casuísticas gerais de esporotricose, exceto por serem mais jovens, em idade fértil. O contexto epidemiológico é o mesmo, com transmissão zoonótica. A evolução da esporotricose foi favorável e as gestações, bem como a saúde do neonato, apresentaram-se semelhantes ao observado na população geral, sem evidência de transmissão vertical. Os resultados demonstraram que, quando tratadas com criocrirugia e termoterapia, as gestantes com esporotricose evoluíram para cura em uma mediana de 204 dias, sem riscos adicionais ao bebê. Propõe-se que esta conduta seja adotada no tratamento deste segmento da população, reservando os fármacos para casos extremos, que são exceções. |