Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2007 |
Autor(a) principal: |
Martins, Eliana Bender |
Orientador(a): |
Carvalho, Marilia Sá |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4497
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Resumo: |
O objetivo mais geral desta tese é estudar a associação entre indicadores nutricionais na criança e a situação socioeconômica analisando a efeito de fatores individuais, particularmente o peso ao nascer, e fatores ecológicos ou contextuais. O peso ao nascer tem sido amplamente referido na literatura como um dos principais determinantes da obesidade na infância entre outros fatores como desmame precoce e características genéticas e biológicas. No entanto ate o momento não foi possível estimar em uma única medida a magnitude do efeito do peso ao nascer na obesidade infantil seja pelas diferentes definições de obesidade / sobrepeso infantil, idade das crianças ou potenciais fatores de confundimento, gerando resultados controversos na literatura. Nos últimos anos um maior número de publicações vêm discutindo a associação entre o peso ao nascer e variáveis do contexto mostrando que características a nível de área também determinam desfechos em saúde. Apesar dos relevantes trabalhos neste campo ainda permanecem lacunas acerca da relação entre ambiente sócio-cultural dos indivíduos e sua saúde. Visando o estudo destes problemas esta tese se desenvolve, composta por três artigos. O primeiro é uma revisão sistemática da bibliografia a cerca do papel do peso ao nascer na obesidade infantil, o segundo explora a dimensão espacial – representando o contexto sócio-cultural – no peso ao nascer, para finalmente avaliar o efeito conjunto de variáveis ecológicas e individuais no perfil nutricional de crianças aos 12 meses, considerando o peso ao nascer. O objetivo desta revisão sistemática é identificar pontos concordantes e contraditórios sobre a associação entre o peso ao nascer e o excesso de peso em crianças de até 7 anos de idade. Os primeiros 8 artigos foram selecionados de uma revisão anterior que avaliou a associação entre fatores de risco e obesidade infantil. A busca na biblioteca PubMed no período de 1993 a dezembro de 2004. com as palavras-chaves “birth weight” AND “childhood”, AND “obesity”,“overweight” permitiu identificar outros artigos que enfocavam a associação entre o peso ao nascer e a obesidade infantil. Um total de 20 artigos preencheu os critérios para esta revisão. Apesar da heterogeneidade dos estudos foi possível identificar associação predominantemente positiva entre o peso ao nascer e algum tipo de obesidade na infância. Por outro lado, a inconsistência de alguns aspectos relacionados ao peso ao nascer e à obesidade infantil, sugere uma abordagem que incorpore o efeito do contexto no quadro de componentes associados à obesidade infantil. O objetivo do segundo estudo é identificar áreas de maior risco nutricional em área urbana de município de médio porte brasileiro (Pelotas/RS), através da análise dos padrões de distribuição espacial das taxas de baixo peso ao nascer (BPN) e retardo de crescimento intra-uterino (RCIU), confrontadas com indicadores socioeconômicos censitários, em um ambiente de análise espacial. As variáveis da criança são provenientes de uma coorte de nascimentos de base populacional. Incluiu-se na análise 4291 crianças residentes no distrito sede, com informações completas para as variáveis desejadas e para as quais foi possível o georreferenciamento para setor censitário. A informação foi organizada em um Sistema de Informações Geográficas (GIS) e relacionada à camada de setores censitários e respectivos indicadores socioeconômicos. Utilizou-se técnica de alisamento bayesiano empírico local para construção dos mapas, visando controlar a flutuação aleatória causada por pequenos números e consequentemente melhorar a estimativa das taxas. Foi possível identificar um padrão de distribuição espacial de BPN e de RCIU semelhante ao padrão socioeconômico: áreas com taxas altas de BPN e de RCIU coincidem grande proporção de famílias de baixa renda e escolaridade. Este tipo de estudo é útil na identificação de aspectos de contexto relacionados ao risco nutricional e podem trazer contribuições importantes para nortear políticas de saúde pública municipais. No terceiro artigo avaliou-se a contribuição de indicadores socioeconômicos de contexto, controlados por variáveis individuais também socioeconômicas e pelo peso ao nascer, sobre dois índices nutricionais: peso/comprimento e comprimento/idade. Os dados individuais são provenientes da mesma coorte de nascimentos de Pelotas/1993, com 1361 crianças acompanhadas no primeiro ano de vida. Foram ajustados modelos lineares e multinível, e o efeito aleatório representando a variabilidade entre os setores foi mapeado, utilizando suavização Kernel. Para o desfecho peso/comprimento, a única variável que mostrou efeito significativo em qualquer dos modelos foi o “peso ao nascer”. Considerando o desfecho comprimento/idade, todas as variáveis individuais e de contexto mostraram efeitos significativos, com poder de explicação (R²) maior do que o do outro desfecho. Somente se observa qualquer padrão espacial dos efeitos do setor para o desfecho comprimento/idade. Conclui-se neste estudo que os efeitos de fatores socioeconômicos ecológicos estão presentes para o indicador comprimento/idade, mesmo quando controlados por variáveis socioeconômicas do indivíduo, e a persistência de padrão espacial indica a contribuição de ainda outros fatores ecológicos que deveriam ser investigados. |