Associação entre padrões de consumo alimentar gestacional e peso ao nascer

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Coelho, Natália de Lima Pereira
Orientador(a): Theme Filha, Mariza Miranda
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/24707
Resumo: O efeito da alimentação materna sobre o peso ao nascer é uma questão de grande importância para a saúde infantil. Apesar disto, poucos são os estudos que abordam este tema. Esta dissertação tem como objetivo principal estabelecer os padrões de consumo alimentar durante o terceiro trimestre gestacional através da análise fatorial por componentes principais e avaliar a associação destes padrões com o peso ao nascer. Este estudo faz parte de um projeto maior intitulado: “Capital Social e Fatores Psicossociais associados à Prematuridade e ao Baixo Peso ao Nascer”, realizado nos municípios de Petrópolis e Queimados no período de dezembro de 2007 a agosto de 2008. Trata-se de um estudo observacional, do tipo coorte prospectiva com quatro ondas de seguimento: gestação, puerpério, três e seis meses pós-parto. A presente dissertação utilizou dados da primeira e segunda onda de segmento e contou com a participação de 1298 gestantes. As informações sobre o consumo alimentar foram obtidas através da aplicação de um questionário de freqüência alimentar semiquantitativo. Os padrões alimentares foram obtidos através de análise fatorial exploratória, utilizando-se o método de rotação Varimax. Foram identificados quatro padrões de consumo, que explicavam 36,4% da variabilidade, compostos da seguinte forma: (a) padrão Prudente, composto por leite, iogurte, queijo, frutas e suco natural, biscoito sem recheio e carne de frango/boi/peixe/fígado o qual explica 14,9% do consumo; (b) padrão Tradicional composto por feijão, arroz, vegetais, pães, manteiga/margarina, açúcar e respondeu por 8,8% da variação do consumo; (c) padrão Ocidental, composto por batata/aipim/inhame, macarrão, farinha/farofa/angu, pizza/hambúrguer/pastel, refrigerante/refresco, carne de porco/salsicha/lingüiça/ovo responsável por 6,9% da explicação da variância; e (d) padrão Lanche, composto por biscoito recheado, biscoitos salgadinhos tipo Skiny® /Fofura® /Fandangos® , chocolate e achocolatado, explicando 5,7% da variabilidade de consumo. Aplicou-se modelo de regressão linear multivariado para estimar a associação entre padrões de consumo alimentar e variáveis maternas. O padrão Prudente associou-se positivamente a idade materna (β = 0,014; p=0,013), classe social C e B (β = 0,192; p=0,002), e inversamente a anemia gestacional (β = -0,114; p=0,049).O padrão Tradicional associou-se negativamente ao município de Queimados (β= -0,193; p= 0,001), ao diabetes gestacional (β= -0,533; p= 0,03) e positivamente ao tabagismo (β=0,167; p= 0,047). O padrão Ocidental associou-se inversamente ao nível de escolaridade materna (β=-0,028; p=0,011) e positivamente a multiparidade (β= 0,219; p= 0,020). Por fim, o padrão Lanche associou-se inversamente a idade materna (β= -0,045 p<0,001) e positivamente as classe sociais C e B (β= 0,133; p= 0,019). A relação entre padrões de consumo alimentar e peso ao nascer foi estimada através de regressão logística multinomial multivariada. Esta análise revelou que mulheres pertencentes ao primeiro tercil de consumo do padrão Lanche tinham uma chance cinco vezes menor de darem a luz a bebês com macrossomia (OR= 0,20; p=0,001), quando comparadas a mulheres pertencentes ao 3º tercil deste padrão. Conclui-se que a abordagem “a posteriori” para a identificação de padrões alimentares foi eficaz para a compreensão dos hábitos alimentares da população estudada; que os padrões alimentares compostos majoritariamente por alimentos saudáveis estiveram associados a melhores condições socioeconômicas e a menor ocorrência de intercorrências gestacionais; que o consumo do padrão Lanche é desaconselhável não somente pela péssima qualidade nutricional dos alimentos que o compõe, mas também devido ao seu efeito negativo sobre o peso ao nascer.