Os sentidos construídos por profissionais de saúde inseridos em equipes de consultóriosna rua da cidade do Rio de Janeiro sobre o consumo de crack por mulheres

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Santos, Gilney Costa
Orientador(a): Constantino, Patrícia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/36387
Resumo: O crack mobiliza o imaginário social e em torno dele discursos, práticas e políticas são socialmente produzidos e compartilhados. Embora, nem sempre consensuais tais produções conformam identidades e lugares sociais aos sujeitos. Trata-se de uma pesquisa de mestrado em saúde pública que teve como objeto de estudo a análise dos sentidos produzidos por profissionais de Consultório na Rua da Cidade do Rio de Janeiro sobre o consumo de crack por mulheres. O mesmo se apoia nas contribuições sociológicas de gênero, na literatura sobre o uso de substâncias psicoativas, bem como no marco legal sobre as políticas de enfrentamento ao crack, e as particularidades do caso brasileiro. No campo metodológico, o estudo utiliza a abordagem qualitativa em saúde. Nesse sentido, os dados foram produzidos a partir da realização de três grupos focais nos territórios sanitários de 4 equipes de Consultórios na Rua da Cidade do Rio de Janeiro, totalizando 25 participantes dos níveis médio, técnico e superior. Os dados foram organizados e analisados de acordo com o referencial das práticas discursivas e produção de sentidos. Os resultados indicam que os sentidos construídos pelos profissionais das equipes de Consultórios na Rua sobre o crack são atravessados por mitos, crenças e estereótipos, por vezes, ancorados na percepção empírica desses atores. No que tange às relações de gênero, os dados indicam que nos espaços de uso do crack os valores culturais e ideológicos presentes no circuito “formal” das relações sociais entre homens e mulheres são reproduzidos. Neste contexto, a rua é referida como um espaço que favorece a expressão do masculino, compelindo as mulheres a se masculinizarem como estratégia para lidar com as adversidades que o viver na rua impõe. No que diz respeito à rede de serviços psicossociais, os equipamentos de saúde mostram-se insuficientes frente à complexidade que o cuidado à saúde de usuários de crack e outras drogas demandam, especialmente, as mulheres, que quando não são invisibilizadas pelas políticas públicas de enfrentamento ao uso de crack, são reduzidas à esfera reprodutiva. Assim, em que pese o discurso da integralidade na melhoria da política de assistência à saúde de usuários de crack, álcool e outras drogas, um amplo esforço deve ser empreendido no sentido de: (a) incorporar o referencial de gênero nas práticas de cuidado e na política de atenção à saúde do grupo de usuários de crack e outras drogas; (b) expandir a rede de serviços psicossociais, (c) qualificar as práticas dos profissionais para lidarem com a complexidade da prevenção e do tratamento dos usuários de crack, álcool e outras drogas, (d) articular os serviços que compõem a rede de saúde e de assistência social para esse público, e, por fim, (e) reorientar o modelo de atenção à saúde dessa população, segundo os princípios da redução de danos.