Consumo de micronutrientes por crianças de 6 a 59 meses assistidas em unidades básicas de saúde do SUS no município do Rio de Janeiro

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Carneiro, Letícia Barroso Vertulli
Orientador(a): Cardoso, Letícia de Oliveira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/49458
Resumo: INTRODUÇÃO: As deficiências de micronutrientes afetam cerca de um terço da população mundial, sendo as crianças menores de cinco anos um dos grupos mais vulneráveis a elas. Estudos que analisem a distribuição e os determinantes desses agravos, no contexto contemporâneo, são fundamentais para subsidiar a formulação de estratégias de prevenção e tratamento adequadas a diferentes realidades. OBJETIVO: Analisar o consumo de micronutrientes segundo diferentes fontes (alimentar e suplementos) em crianças de 6 a 59 meses de idade assistidas no SUS no município do Rio de Janeiro. MÉTODOS: Estudo seccional com amostra representativa de crianças cadastradas em unidades básicas de saúde do município. Um questionário foi aplicado com perguntas sobre uso de suplementos de vitaminas e minerais, e para a análise do consumo alimentar foi utilizado o Recordatório de 24h. Os micronutrientes estudados foram as vitaminas A e C e os minerais zinco, cálcio e ferro. Para a análise da associação entre o consumo de alimentos ultraprocessados (AUP) e de micronutrientes da dieta, os itens alimentares foram classificados segundo a classificação NOVA. Cinco modelos lineares foram gerados: em cada um deles, cada micronutriente padronizado por 1000 kcal foi considerado desfecho e a energia proveniente de AUP, categorizada em quintos, a variável explicativa. As análises foram realizadas no software SAS® - University Edition e no R versão 3.2.3. RESULTADOS: Mais da metade das crianças utilizou algum suplemento nos quatro meses que antecederam o estudo, sendo mais prevalente entre as crianças de 6 a 23 meses de idade. A prevalência de consumo de suplementos com ferro foi de 26,4% em crianças de seis a 23 meses de idade. Já o consumo de suplementos com vitamina A foi de 24,6% na população. Suplementos com vitamina C foram os mais consumidos em todas as faixas etárias. Conforme seria de se esperar, as médias de consumo de cada micronutriente, entre as crianças que usavam o respectivo suplemento, foi maior do que as observadas entre aqueles que não o usavam. As médias de consumo de vitamina A, C, ferro e zinco estavam acima do Requerimento médio estimado (EAR) tanto entre as crianças que usavam quanto entre aquelas que não utilizavam suplemento. A participação relativa de AUP no total da energia consumida por crianças de 2 a 5 anos foi de 33,6%. Foi observada associação inversa estatisticamente significativa entre participação relativa de AUP no total de calorias consumidas e o aporte de todas as vitaminas e minerais estudados, mesmo após o ajuste pelas variáveis idade, renda e escolaridade materna. DISCUSSÃO: Dada a recomendação de suplementação profilática universal com ferro para crianças de 6 a 24 meses, o uso deste suplemento está muito aquém do recomendado. Já o uso de vitamina C, que não é preconizada em nenhuma estratégia específica, foi muito recorrente. Observou-se que o consumo médio da maioria dos micronutrientes estudados estava acima do EAR na população. Os resultados deste estudo mostram que a quantidade consumida de micronutrientes é, em média, menor entre crianças com maior participação relativa de AUP na alimentação, indicando pior qualidade da dieta entre indivíduos que os consomem em grandes quantidades. CONCLUSÃO: É necessária uma atualização das políticas de prevenção de deficiências de micronutrientes e dos profissionais envolvidos no cuidado das crianças sobre as suplementações de fato necessárias para esta faixa etária. Além disso, são urgentes medidas ambientais que auxiliem na redução do consumo de AUP.