Um olhar sistêmico sobre famílias de jovens vítimas de homicídio

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Costa, Daniella Harth da
Orientador(a): Njaine, Kathie
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/37109
Resumo: A presente dissertação tem como objetivo investigar os impactos do homicídio de um jovem na família, através das narrativas de familiares que vivenciaram esta perda violenta. A partir dos pressupostos da metodologia de história de vida, em particular da história de vida temática, a entrevista semiestruturada foi utilizada como instrumento de pesquisa, tendo como foco principal a trajetória de vida e morte do jovem e a vivência da família diante da perda. A abordagem sistêmica do pensamento científico se apresenta como o pilar de sustentação teórica desta pesquisa, principalmente, as enunciações de Maria José Esteves de Vasconcellos. Integra ainda às ações da pesquisa uma revisão não sistemática da literatura sobre o tema em questão. A partir da análise das entrevistas foram identificados os seguintes temas: a vivência da perda, o impacto do homicídio na saúde dos familiares, o impacto do homicídio na dinâmica familiar, justiça versus impunidade, redes sociais de apoio e enfrentamento da perda. A discussão desses temas centrais permitiu as seguintes considerações: a morte de um jovem por homicídio é sempre um evento trágico e doloroso para a família, independente da trajetória de vida do jovem; desperta sentimentos de raiva, angústia e, principalmente, de inconformismo diante de uma morte considerada prematura, violenta e “fora do lugar”; as ressonâncias da perda atingem a dinâmica familiar, impactando os seus membros no âmbito físico, emocional, financeiro e social; a justiça, enquanto mecanismo regulador da convivência coletiva, falha em sua função. Desse modo, a impunidade nos casos de homicídio se apresenta como um dos principais fatores de revitimização dessas famílias no contexto brasileiro; viver a partir da perda de um ente querido por homicídio não é uma tarefa fácil, mas parece ser facilitada quando a família pode contar com uma rede social de apoio composta por amigos, parentes e outros atores e serviços da comunidade; observa-se que, em geral, as famílias se utilizam do apego à espiritualidade como modo de apaziguar a dor e dar sentido à perda. Acredita- se que o conhecimento sobre os impactos do homicídio nas famílias pode contribuir para a discussão teórica e prática dessa problemática e para a construção de ações de intervenção de profissionais de saúde, assistência social e outros junto aos familiares e amigos de pessoas vítimas de homicídio.