Ocorrência de Leishmania infantum e alterações histológicas associadas no trato genital e glândula mamária de cães naturalmente infectados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2015
Autor(a) principal: Boechat, Viviane Cardoso
Orientador(a): Menezes, Rodrigo Caldas
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/22943
Resumo: A leishmaniose visceral (LV) causada pelo protozoário Leishmania infantum é uma zoonose, de ampla distribuição mundial. O cão doméstico é a principal fonte de infecção para o flebotomíneo, sendo o fator de risco mais importante para infecção humana. A transmissão geralmente ocorre pela picada de flebotomíneos infectados, porém a transmissão por via vertical e por transfusão sanguínea já foi comprovada em cães, sendo a transmissão venérea potencial nesses animais. Recentemente, iniciou-se uma epidemia de LV em cães e humanos no município de Barra Mansa, estado do Rio de Janeiro. Entretanto, não se sabe se além da transmissão vetorial, outras formas de transmissão possam estar ocorrendo, como a venérea e/ou vertical, o que poderia estar contribuindo para o elevado número de casos caninos nesse município. Portanto, os objetivos desse estudo foram verificar a ocorrência de L. infantum no trato genital e glândula mamária feminina, avaliar a carga parasitária e identificar as lesões associadas a esse protozoário em cães naturalmente infectados. Com essa finalidade, foi utilizada uma amostra de conveniência de 40 cães, 20 machos e 20 fêmeas não castrados, provenientes do município de Barra Mansa, soropositivos para Leishmania e com isolamento de L. infantum. Amostras teciduais de órgãos do trato genital e glândula mamária foram fixadas em formol a 10% e depois processadas para emblocamento em parafina. Cortes histológicos com cerca de 5 m foram processados pelas técnicas de imuno-histoquímica, histopatologia e hibridização in situ. O líquido seminal foi aspirado por meio de seringa e agulha estéreis de ambos os epidídimos e submetidos à cultura parasitológica. No trato genital, 34 (85%) cães, 18 machos e 16 fêmeas, foram positivos para Leishmania em pelo menos uma das técnicas de diagnóstico utilizadas Foi isolado L. infantum pela primeira vez no líquido seminal e útero de cães naturalmente infectados. A carga parasitária e a intensidade da reação inflamatória nos machos foi mais intensa no prepúcio e glande e nas fêmeas, na vulva. Além da inflamação, foi observado no testículo degeneração, atrofia, ausência de espermatogênese e necrose. Mamite esteve presente em todas as cadelas e foi descrito pela primeira vez a presença de formas amastigotas na glândula mamária, as quais também foram observadas no interior de macrófagos dos seios lactíferos, indicando a possibilidade de eliminação pelo leite. O elevado envolvimento do trato genital de cães com LV sugere a possibilidade de transmissão venérea bidirecional e também vertical na área estudada.