Gastos privados com medicamentos entre usuários da atenção básica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Alves, Jéssica Castro
Orientador(a): Luz, Tatiana Chama Borges
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/53636
Resumo: O gasto privado com medicamentos (GPM) impacta os usuários de saúde ao redor do mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), os medicamentos são responsáveis pela maioria dos gastos em saúde e a principal causa de empobrecimento das famílias. No Brasil, apesar da existência de políticas públicas farmacêuticas para garantia do acesso a medicamentos essenciais, ainda há uma alta ocorrência de GPM. A necessidade de GPM podem levar a um comprometimento da renda familiar e até a uma subutilização de medicamentos por motivos financeiros, acarretando em insucesso terapêutico e aumento dos gastos públicos e privados em saúde. Há uma carência na literatura de estudos que analisem os GPM entre usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), principalmente no contexto da Atenção Básica à Saúde (ABS). Nesse sentido, o objetivo dessa tese foi caracterizar os GPM entre pacientes da ABS, bem como determinar a prevalência e os fatores associados a esses gastos. O estudo faz parte do Projeto Prover, um estudo transversal realizado em 2017 em uma cidade de grande porte (população 234.937) no Estado de Minas Gerais, Brasil. Foi selecionada uma amostra representativa de pacientes (n=1221) de todos os serviços farmacêuticos baseados na ABS do município. Três componentes dos GPM foram avaliados: a prevalência geral, os tipos de medicamentos adquiridos (medicamentos para tratamento de doenças crônicas, medicamentos para tratamento de doenças agudas ou fitoterápicos) e medicamentos adquiridos segundo sua cobertura pelo SUS. Os fatores associados aos GPM foram examinados aplicando o modelo comportamental de Andersen de uso de serviços de saúde combinado com combinado com o modelo de vizinhança de Mohnen et al. Os dados foram analisados por meio de estatística descritiva e regressão logística. A prevalência geral de GPM foi de 77%. A maioria dos pacientes que tiveram GPM adquiriu medicamentos para tratar doenças crônicas (94%). Além disso, esses pacientes adquiriram medicamentos cobertos pelo SUS, mas que estavam em falta nas farmácias públicas (85%). Os GPM foram associados a fatores capacitantes, como maior renda pessoal (OR=1,92; IC 95%:1,02-3,62), possuir plano de saúde (OR=1,40; IC 95%:1,01-1,95) e maior confiança na vizinhança (OR=1,34; IC95%:1,01- 1,79), e a fatores de necessidade, ou seja, pior percepção de saúde (OR=1,63; IC95%:1,20-2,21), múltiplas comorbidades (OR=1,70; IC95%:1,18-2,46) e maior número de medicamentos prescritos (OR=2,84; IC95%:1,90-4,26). Os resultados revelam uma alta prevalência de GPM entre usuários do SUS. Esses achados contribuem para o planejamento e implementação de intervenções necessárias para proteger os pacientes da atenção básica desse ônus financeiro, principalmente a população mais vulnerável.