Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2018 |
Autor(a) principal: |
Reis, Renata |
Orientador(a): |
Ciavatta, Maria |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
UFF
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/56302
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Resumo: |
No Brasil da Primeira República, o legado do longo período de escravidão, aliado aos interesses de manutenção da propriedade privada, dos privilégios das elites agrárias, e, por outro lado, as lutas e resistências das classes subalternas, resultaram na conformação de um processo social que combinou a construção de uma nova ideologia do trabalho, como sinônimo de progresso e dignidade, e a repressão à ociosidade das chamadas classes perigosas. Neste processo, a incorporação de outras formas ideológicas de manutenção e expropriação da força de trabalho envolveu relações sociais que se assemelhavam a vínculos paternais e envolviam a cordialidade e o favor como mediações principais. No Instituto Oswaldo Cruz, enquanto uma instituição situada neste tempo histórico, os afetos operaram como recursos que buscaram amenizar a exploração do trabalho e os possíveis conflitos emergentes da desigualdade, gerados principalmente, por mecanismos de poder, autoritarismo e distinção de classe que se manifestavam na totalidade da construção do trabalho livre e na particularidade do cotidiano do trabalho em Manguinhos. Ao observamos as trajetórias profissionais dos trabalhadores subalternos do Instituto Oswaldo Cruz, a primeira questão que se destaca é a presença de ligações de cunho pessoal que atravessaram as relações de trabalho na instituição. Estas podiam ser de parentesco, amizade ou algum outro tipo de vínculo, tanto com pesquisadores do Instituto como com outros funcionários. A pessoalidade esteve presente desde o recrutamento, passando pela formação profissional, ascensão funcional, incluindo aspectos como a residência e alimentação no próprio local de trabalho. Agindo como sujeitos de suas próprias histórias, os trabalhadores subalternos souberam transitar pelos meandros de uma hegemonia cultural da instituição, que tentava impor um modo de vida onde o cientista era incontestavelmente soberano, atuando de forma a reverter os mesmos mecanismos de manutenção da hegemonia dominante em favor de seus próprios interesses. A moradia no Instituto, ao mesmo tempo em que os submetia a um regime de trabalho quase que ininterrupto, favoreceu relações de solidariedade e ajuda mútua entre os companheiros de trabalho, como a organização de práticas associativas que pressupunham a institucionalização de sociabilidades de diferentes ordens, de esporte, lazer e religiosidade. |