A territorialidade indígena pipipã vulnerabilizada na transposição do Rio São Francisco e as relações com a saúde em Floresta/PE

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Gonçalves, Glaciene Mary da Silva
Orientador(a): Costa, André Monteiro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34955
Resumo: Ações governamentais de implantação de grandes empreendimentos de desenvolvimento, vinculadas ao discurso do suposto progresso econômico e social, vêm afetando os povos indígenas na América Latina e no Brasil. Em 2007, teve início a implantação do projeto da transposição do rio São Francisco, no Semiárido nordestino. Trata-se de um empreendimento de desenvolvimento que se insere no conjunto de políticas da água no Semiárido com enfoque no combate à seca. O estudo analisou os processos de vulnerabilização e as implicações na territorialidade Pipipã decorrente da transposição do rio São Francisco e as relações com a saúde em Floresta, Pernambuco. A abordagem teórico-metodológica deste estudo foi a Reprodução Social e a Saúde, formulada pelo epistemólogo Juan Samaja. Os procedimentos metodológicos pautaram-se na abordagem qualitativa de coleta e análise de dados. As estratégias utilizadas foram entrevistas, observação participante e oficinas. Os indígenas não foram convidados a participar do planejamento do projeto da transposição. O corte do território para a construção do Eixo Leste foi considerado pelos Pipipã um estupro, que deixará sequelas. As famílias foram separadas. As relações ambientais, o Toré e os rituais do “Aricuri” e da Jurema foram afetados. A vulnerabilização foi material, simbólica, com desenvolvimento de agravos, doenças e óbitos. A presença do empreendimento, no território, foi percebida pelos Pipipã como produtor de doença, e não de saúde. As promessas mais estruturantes para mitigar os impactos contidos no Programa Básico Ambiental indígena não foram cumpridas. O abastecimento com água do Eixo Leste ainda não ocorreu no território Pipipã. Injustiças ambientais foram praticadas e a territorialidade Pipipã foi vulnerabilizada na implantação da transposição do rio São Francisco. A reparação dos danos é necessária para resgatar os direitos perdidos, garantir a reprodução social, a saúde e o convívio sustentável dos Pipipã no Semiárido.