Gênero e violência no âmbito doméstico: a perspectiva dos profissionais de saúde

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1997
Autor(a) principal: Angulo-Tuesta, Antonia de Jesús
Orientador(a): Giffin, Karen Mary
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4798
Resumo: A violência de gênero no âmbito doméstico é um fenômeno extremamente complexo, que perpassa as classes sociais, os grupos étnicos-raciais e as diferentes culturas de ínumeras famílias brasileiras. As mulheres em situações de violência procuram freqüentemente atendimento nos serviços de saúde por agravos à saúde física, à saúde reprodutiva e à saúde mental relacionados direta ou indiretamente com a violência. Entretanto, os profissionais de saúde tem sérias dificuldades para identificar esse fenômeno, inclusive quando as mulheres apresentam severos danos a sua saúde e na ampla maioria dos casos em que se suspeita de violência, estes não são investigados. Considerando a importância da participação ativa dos serviços de saúde, esta pesquisa visa analisar as representações dos profissionais de saúde sobre a violência de gênero no âmbito doméstico e da forma como essas representações influenciam a visão destes profissionais acerca do papel dos serviços públicos do setor, diante desse tipo específico de violência. As questões básicas que a pesquisa busca responder são: como os profissionais de saúde percebem a questão da violência contra a mulher? será que eles consideram essa realidade como um “problema privado” e que “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”? qual a prática atual dos profissionais perante mulheres em situação de violência? de que maneira as dificuldades relacionadas com a organização de serviços, o tipo de inserção nos programas de saúde e a escassa experiência de atuação diante da violência doméstica estão influenciando as propostas desses profissionais sobre o papel do seus próprios serviços? Para compreender a complexidade dessa temâtica, adota-se como referencial teórico a categoria de GÊNERO, que postula a construção histórica das relações sociais entre os sexos e a REPRESENTAÇÃO SOCIAL que analisa a construção do sujeito enquanto sujeito social, articulando elementos afetivos, mentais, integrando a cognição, a linguagem e a comunicação às relações sociais que afetam as representações sociais e à realidade material sobre a qual elas intervêm. Adotou-se a metodologia qualitativa e desenvolveram-se 30 entrevistas semiestruturadas com profissionais (médicos, enfermeiros, assistentes sociais, auxiliares de enfermagem e psicológos) inseridos em dois modelos de atenção primária (Centros de Saúde do Rio de Janeiro e no Programa Médico de Família em Niterói). A partir da análise da fala dos sujeitos desta pesquisa discute-se a prática dos profissionais, as dificuldades para identificar e atuar diante deste fenômeno e, as possibilidades de atuação que podem ser consideradas em alternativas para contribuir junto com as mulheres a enfrentar e superar a violência doméstica. Os resultados apontam que as diferenças encontradas em ambos modelos de atenção está fortemente associada à organização desses serviços, definindo práticas que favorecem ou dificultam a abordagem integral da violência de gênero. Nesse sentido, existe a necessidade de capacitar os profissionais e acompanhar suas ações permanentemente assim como construir respostas interdisciplinares e intersetoriais.