Tuberculose em indígenas no estado do Mato Grosso do Sul: caracterização clínica e socioeconômica de casos, fatores associados e desempenho de testes diagnósticos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Malacarne, Jocieli
Orientador(a): Basta, Paulo Cesar, Santos, Reinaldo Souza dos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/40193
Resumo: Introdução: Em pleno século XXI a tuberculose (TB) continua sendo um relevante problema de saúde pública. A doença atinge principalmente grupos desfavorecidos como os indígenas. Objetivo: descrever e analisar características socioeconômicas e epidemiológicas de uma amostra de casos de tuberculose e de controles populacionais, investigar fatores associados ao adoecimento por TB e avaliar o desempenho de testes diagnósticos em sintomáticos respiratórios, entre uma população indígena de Mato Grosso do Sul. Métodos: Utilizou-se das seguintes estratégias para abordagem do problema: a) descrever as características socioeconômicas e epidemiológicas de uma amostra de casos de tuberculose e de controles populacionais em indígenas em dois municípios do estado do MS, no período de março de 2011 a dezembro de 2012; b) estudo de caso controle para investigar fatores clínicos, epidemiológicos e sociais associados ao adoecimento por TB em dois Polos Base do estado do MS, no período de março de 2011 a dezembro de 2012; c) avaliar o desempenho dos testes diagnósticos (baciloscopia, cultura e teste rápido molecular) empregados na detecção e no diagnóstico da TB pulmonar entre os indígenas que apresentaram sintomas respiratórios no Polo Base de Amambai-MS, no período de janeiro de 2011 a dezembro de 2016. Resultados: No estudo descritivo, foram incluídos 155 indígenas com TB e 310 controles. Entre os casos foi possível observar que 66.6% ocorreram em homens, principalmente na faixa etária de 20 a 44, sem escolaridade, da etnia Kaiowá, aposentadoria foi a principal fonte de renda e o uso de fogueira para aquecer o domicílio foi mais comum. Ademais também foi observado entre os casos o maior consumo de tabaco e bebidas alcoólicas. Por outro lado entre os controles o nível de escolaridade foi melhor, os trabalhos regulares foram mais presentes e o número de quarto para dormir foi superior ao dos casos. Além do mais apresentaram maior cobertura vacinal. Já o estudo de caso controle foram incluídos 140 casos e 280 controles. O modelo final incluiu os seguintes preditores: consumo de álcool (uso de baixo risco OR = 2.3; IC 95% 1.2-4.4; uso de risco OR = 3.8; IC 95% 1.5-9.5; dependente / nocivo OR = 9.0; 95 % CI 2.4-32.5) e sexo masculino (OR = 1.8; IC 95%: 1.1-3.0). Por outro lado de forma inédita, à participação do programa de transferência de renda (OR = 0.4; IC 95% 0.3- 0.7) mostrou efeito protetor contra a TB. Ao avaliar os testes empregados no diagnóstico da TB, 4.048 indígenas com SR forneceram amostras biológicas para análise. Destes, 3,2% da baciloscopia, 5,6% das culturas e 3,5% do teste rápido molecular foram positivos para TB. A incidência media de TB pulmonar positiva foi de 269,3/100.000 habitantes. A sensibilidade do teste rápido em relação à cultura foi de 93,1% e especificidade de 98,2% enquanto que a baciloscopia teve sensibilidade de 55,1% e especificidade de 99,6%. Conclusão: As evidências levantadas por esta investigação indicam a necessidade de se elaborar estratégias específicas para o controle da tuberculose entre os povos indígenas no Brasil. O controle da TB na área de estudo requer melhorarias nas condições de vida nas aldeias - incluindo o acesso à educação formal, emprego e renda regular.