Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Netto, Mônica Mourão Lara |
Orientador(a): |
Cardoso, Janine Miranda |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/45004
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Resumo: |
Este trabalho analisa como o jornal mineiro popular Super Notícia enquadrou a epidemia de zika e como esse quadro se conjugou às iniquidades de gênero e ao direito à saúde, tendo em vista serem as mulheres, especialmente as mais pobres e negras, a parcela mais vulnerável ao vírus por conta da transmissão vertical e das severas malformações fetais causadas pela infecção. A análise do contexto de emergência e condução da crise pelo governo brasileiro e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) parte de uma visão de saúde e doença para além do enfoque biomédico, incluindo suas determinações sociais e as interseções com as questões de gênero, classe e raça. O referencial teórico integra as contribuições do campo da Comunicação & Saúde (ARAUJO e CARDOSO, 2007) e do entendimento do jornalismo a partir das perspectivas cultural (MARTÍN-BARBERO, 2003) e discursiva (ORLANDI, 2015). Mais do que apontar \201Ca verdade\201D sobre os fatos, buscou-se mapear e problematizar as escolhas do jornal em relação ao tema \2013 tanto suas ênfases como exclusões \2013, considerando os contextos que permeiam a prática jornalística e a capacidade dos quadros de referência midiáticos influírem na forma como a sociedade compreende os problemas de saúde e, em última instância, elabora políticas públicas Valendo-se da metodologia do frame analysis (GAMSON e LASCH, 1983), concluiu-se que o enquadramento de zika/microcefalia deu-se como uma questão científica associada, sobretudo, ao risco e à guerra ao Aedes. A postura, que se mostrou alinhada a dos organismos sanitários nacionais e internacionais, excluiu do debate a voz, as demandas e os direitos das mulheres, assim como as desigualdades e a determinação social dos processos saúde-doença. As mulheres, especialmente as pobres e negras, foram totalmente silenciadas durante a cobertura, invisibilizando os sentidos de sofrimento e adoecimento maternos que envolvem a questão. Essa lógica que vem sendo adotada no combate às históricas e sucessivas epidemias de dengue no Brasil, tem se mostrado falha e evidencia a necessidade de adoção de perspectivas que conectem o vírus a tendências sociais e políticas mais amplas, visando assegurar o direito à saúde de forma equânime e universal, bem como reduzir as desigualdades de gênero. Observamos, ainda, que os relatos sobre zika não se valeram dos recursos de popularização frequentemente utilizados pela imprensa popular para se aproximar de seu leitor. Ao contrário, identificamos traços próprios da cobertura da imprensa de referência, como o interesse público, o impacto sobre a nação, o envolvimento de muitas pessoas, gerando, inclusive, desdobramentos relacionados a políticas públicas. |