Modulação da ativação de macrófagos e agravamento da infecção em modelo murino de leishmaniose tegumentar por moléculas de Leishmania (Leishmania) amazonensis

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Oliveira, Pablo Rafael Silveira
Orientador(a): Carvalho, Lain Carlos Pontes de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4258
Resumo: Em humanos, tanto L. amazonensis quanto L. braziliensis causam a leishmaniose cutânea localizada, mas, no Brasil, o desenvolvimento da leishmaniose cutâneodifusa (LCD) é exclusivamente atribuído às infecções por L. amazonensis. Por outro lado, a leishmaniose cutâneo-mucosa (LCM) está usualmente associada à L. braziliensis. Enquanto a LCD é caracterizada pelo elevado número de parasitos nas lesões e pela falta de resposta celular anti-Leishmania, a LCM é geralmente acompanhada por resposta celular intensa e baixo número de parasitos nas lesões. Portanto, é provável que diferenças espécie-específicas sejam determinantes para o desenvolvimento dos dois polos de responsividade imune nas leishmanioses cutâneas. Experimentos realizados em nosso laboratório mostraram que a imunização de camundongos BALB/c com o extrato de formas amastigotas de L. amazonensis (ELa) confere suscetibilidade à infecção por L. braziliensis. Os principais objetivos do presente estudo foram identificar e elucidar os mecanismos de ação dos fatores do ELa capazes de conferir suscetibilidade à infecção experimental por L. braziliensis. Para isso, o ELa foi fracionado por cromatografia líquida em coluna de troca iônica. As atividades das frações obtidas foram avaliadas quanto às suas capacidades em interferir nas funções normais de macrófagos de BALB/c, tornando-os suscetíveis à infecção cutânea causada por L. braziliensis. Foram preparadas quatro misturas de frações adjacentes, eluídas da coluna, que possuíam proteínas com perfis eletroforéticos na presença de dodecil sulfato de sódio e atividades proteolíticas semelhantes. Estas misturas de frações foram denominadas de frações 1, 2, 3 e 4. As frações 2, 3 e 4, e não a 1, foram capazes de agravar a doença causada por L. braziliensis. Após a ativação dos macrófagos com lipopolissacarídeo bacteriano (LPS), o ELa suprimiu a produção de óxido nítrico e das citocinas inflamatórias avaliadas (TNF-α, IL-12p70 e IL-6). De maneira oposta, o tratamento com o ELa aumentou a produção de IL-10 por macrófagos ativados por LPS. Nenhuma das frações contendo moléculas eluídas da coluna de troca iônica, ou a fração efluente da coluna, foi capaz de suprimir globalmente a produção de citocinas inflamatórias e de NO e aumentar a produção de IL-10 in vitro, como observado com o extrato total de amastigotas de L. amazonensis, após a ativação dos macrófagos por LPS. Apenas o tratamento in vitro com a fração 3 suprimiu a produção de TNF-α por macrófagos. A identificação e a elucidação dos mecanismos de ação dos fatores capazes de agravar a leishmaniose cutânea podem ser determinantes para o desenvolvimento de estratégias para o combate de patógenos intracelulares e também para a imunomodulação terapêutica de doenças autoimunes e alérgicas.