Atividade antiviral de extrato de produtos naturais em modelos de infecção in vitro pelos arbovírus dengue e chikungunya

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Lima, Raquel Curtinhas de
Orientador(a): Azeredo, Elzinandes Leal de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/51536
Resumo: Os vírus dengue (DENV) e chikungunya (CHIKV) são arbovírus de importância médica mundial. A dengue é uma doença febril aguda causada por qualquer um dos quatro sorotipos virais (DENV-1-4), cujas manifestações clínicas variam desde quadros assintomáticos até quadros clínicos graves e fatais. Na febre do chikungunya, a principal característica é o acometimento das articulações, com sintomas que podem persistir por anos. Ainda não existem medicamentos específicos para essas doenças, apesar de serem sérios problemas de saúde pública. A busca por terapias alternativas, como as plantas medicinais, apresenta-se viável e promissora, já que o uso destas plantas é baseado no conhecimento popular adquirido empiricamente. A espécie Uncaria tomentosa (Ut) é empregada pela medicina tradicional no tratamento de doenças inflamatórias e degenerativas, e infecções virais. Nosso objetivo foi investigar o efeito antiviral do extrato hidroalcoólico da casca da Ut em modelos de infecção in vitro por cepas brasileiras dos DENVs e CHIKV. Foi realizada a padronização do modelo de infecção in vitro utilizando linhagem contínua de hepatócitos humanos (HuH-7), células Vero e monócitos humanos purificados de doadores saudáveis. Diferentes ensaios foram aplicados para avaliação da infecção viral tais como a detecção intracelular do antígeno viral pela citometria de fluxo, dosagem da proteína NS1 do DENV e quantificação da carga viral (RT-qPCR) nos sobrenadantes das culturas infectadas pelo DENV e/ou CHIKV. Os resultados demonstraram que as diferentes células-alvos estudadas foram susceptíveis à infecção pelas cepas brasileiras dos DENV-1, DENV-2, DENV-3 e CHIKV. Em relação ao DENV-1, a taxa de produção da proteína NS1 foi crescente ao longo de 72h, enquanto para os DENV-2 e DENV-3 o pico da infecção foi em 48h O vírus CHIKV apresentou carga viral crescente durante a infecção nas células Vero, HuH-7 e monócitos, com pico do número de cópias de RNA em 72h de infecção. De acordo com o ensaio de MTT, a viabilidade das células HuH-7 não reduziu após o tratamento com o extrato nas concentrações testadas até 100 µg/mL. A análise dos resultados demonstrou que as concentrações de 50 \03BCg/mL e 100 \03BCg/mL reduziram a carga viral e/ou o percentual de células infectadas frente à infecção pelo DENV1 e DENV-2 nas células HuH-7 e/ou monócitos, sugerindo a atividade antiviral do extrato. O tratamento das células Vero infectadas pelo CHIKV na concentração de 100 \03BCg/mL reduziu o efeito citopático e o número de cópias de RNA de CHIKV. Ademais, células HuH-7 infectadas pelo CHIKV e tratadas com 100 µg/mL do extrato, apresentaram redução no número de cópias do RNA viral presente no sobrenadante (70%). Além disso, monócitos humanos infectados pelo CHIKV e tratados com 100 µg/mL também apresentaram redução no número de cópias do RNA durante 48h (*P=0,0310) e 72h (*P=0,0391) de infecção e tratamento. Através da técnica de citometria de fluxo, observou-se que monócitos infectados e tratados com 50 µg/mL e 100 µg/mL apresentaram baixa frequência de células positivas para CHIVK, com redução de 49 e 41%, respectivamente, de células infectadas, sugerindo atividade antiviral do extrato de Ut. Nossos resultados indicaram atividade antiviral da Ut frente à infecção in vitro pelas as cepas brasileiras de DENV-1, DENV-2 e CHIKV, ressaltando a importância de estudos com produtos naturais nas arboviroses de importância médica