Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Silva, Michele Ferreira da |
Orientador(a): |
Moreira, Martha Cristina Nunes |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/56199
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Resumo: |
A alimentação é essencial à manutenção da vida e está relacionada à construção de valores simbólicos e socioculturais. Apesar de ser uma função vital, o ato de comer não é inato para os seres humanos. Ele resulta de um processo de aprendizagem complexo que se inicia ainda na gestação e continua ao longo do desenvolvimento infantil. No entanto, esse processo pode sofrer perturbações e levar ao desenvolvimento de dificuldades alimentares e à recusa alimentar na infância. Logo, crianças e adolescentes que nascem e crescem em condições de saúde não favoráveis ao desenvolvimento, seja por experiências pessoais relacionadas a nascimentos difíceis, períodos prolongados de internação e/ou uso de tecnologias de saúde, também podem apresentar dificuldades na habilidade de ingerir e de se relacionar com os alimentos. Partindo desta criança/ adolescente em uma conversa com a cena clínica e assumindo as dificuldades de alimentação e recusa alimentar como uma mensagem a ser transmitida de uma criança/ adolescente ao adulto, este estudo investigou o universo de significados presentes nas interações de crianças e adolescentes com condição de saúde crônica complexa no seu contexto alimentar. Interessou-nos compreender como as expressões e interações da criança/adolescente falavam dela/dele como sujeito na cena de alimentação e como ela/ele era submetida à expressão dos adultos. Tratou-se de uma pesquisa qualitativa, que utilizou a observação participante e a realização de entrevistas dialogadas como técnicas para produção de dados. O local do estudo foi o setor de enfermaria de um hospital universitário pediátrico localizado na cidade do Rio de Janeiro, uma instituição de referência no cuidado de crianças com condição de saúde crônica complexa. A pesquisadora circulou pela enfermaria deste hospital observando cenas de alimentação infanto-juvenil e de cuidado familiar e hospitalar buscando oportunidades de interação e de entrevistas abertas com os cuidadores, com as crianças e os adolescentes internados e com os profissionais de saúde. O registro das observações foi realizado em um diário de campo e as entrevistas tiveram o áudio gravado para posterior transcrição, quando autorizado pelos participantes. O tempo de pesquisa de campo foi de 10 meses, sendo 08 meses destinados à observação participante. Os resultados desta pesquisa falam da trajetória de vida e alimentar de 04 participantes (três crianças e uma adolescente) vivendo em situação de hospitalização prolongada. Embora frequentemente submetidos ao controle e decisões dos adultos de referência para o alcance do bem-estar clínico e nutricional, nesta pesquisa, Eloá, Vitória, Kiara e Luiz revelaram o seu protagonismo sobre a própria ingestão alimentar, mostrando que atitudes geralmente rotuladas e patologizadas, tais como, a recusa e a seletividade alimentar, na verdade se tratam de escolhas e não escolhas do sujeito, que comunicam a sua identidade humana e que se moldam pela medida de cada criança/ adolescente e pelas experiências vividas em seu contexto. Suas histórias se tornaram suportes nesta pesquisa para gerar reflexões sobre outras crianças e adolescentes, que estão em serviços de média e alta complexidade no território brasileiro, cujos chamados distúrbios alimentares se revelam como mensagens que reconectam corpo físico e a constituição intersubjetiva com alimentação, prazer e viver. |