Avaliação das discordâncias no diagnóstico laboratorial da malária, pelo método da gota espessa, nos estados do Amapá e Maranhão, no período de 2001 a 2003

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2005
Autor(a) principal: Pereira, Maria da Paz Luna
Orientador(a): Santos, Elizabeth Gloria Oliveira Barbosa dos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/33867
Resumo: A malária é um problema de saúde pública em mais de 100 países, com 300 a 500 milhões de casos e cerca de 1.1 milhões de mortes por ano. No Brasil, a doença é endêmica na Região da Amazônia Legal, com cerca de 400.000 casos ao ano. Em 1992, a Organização Mundial da Saúde definiu uma nova estratégia de luta contra a malária, priorizando o diagnóstico precoce e o tratamento oportuno e efetivo. O Brasil acompanhou a nova recomendação, no período de 2001 a 2002 houve expansão da rede de laboratórios em 59%, no Amapá e 37% no Maranhão, com aumento de treinamentos para microscopistas. Embora a meta do Plano de Intensificação das Ações de Controle da Malária tenha sido alcançada, com a redução de 50% dos casos, a Incidência Parasitária Anual manteve-se elevada no Amapá, ao contrário do Maranhão. A SES-AP identificou vários fatores que podem ter colaborado para esse resultado, como a ineficiência do controle de qualidade do diagnóstico laboratorial. Nos laboratórios locais, o diagnóstico é realizado através da gota espessa, que enviam 100% e 10% das lâminas positivas e negativas, respectivamente, para os laboratórios de revisão, considerados referência para o diagnóstico e que executam o controle de qualidade dos exames. O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade do diagnóstico laboratorial da malária, comparando os resultados encontrados entre os laboratórios de base e de revisão, do Amapá e do Maranhão, no período de 2001 a 2003. Foram utilizados, o Epi Info e o Excel para análise dos dados. O índice de concordância (Kappa) e o teste do 2 (nível de significância de 5%), para a comparação entre os resultados, e análise univariada e multivariada, através da regressão logística, para detecção das variáveis associadas às discordâncias. No período de 2001 à 2003, o Amapá, ao contrário do Maranhão, não cumpriu com os percentuais recomendados de envio das lâminas, mantendo ao longo dos três anos, 74,7% e 7,2%, de positivas e negativas, respectivamente. As proporções de discordâncias nas revisões das lâminas foram mais elevadas no Amapá (1,7%) quando comparado com o Maranhão (0,4%) (p<0,05), porém em ambos os Estados, o erro foi maior na identificação da espécie: 1,88% e 0,37%, para o Amapá e o Maranhão. Os resultados falsos negativos prevaleceram no Amapá (0,6%) e os falsos positivos, no Maranhão (0,12%). Os resultados por espécies foram obtidos no Amapá, onde a maior prevalência foi do P. vivax (53,3%) e a de maior proporção de discordância foi o P. malariae (42,53%). Nas infecções mistas, o P. falciparum deixou de ser identificado em 1,3%. 90% dos Municípios do Maranhão e 68,8%, do Amapá apresentaram discordâncias inferiores a 2%. O percentual de discordância no diagnóstico, por municípios do Amapá, variou de 0,54% a 6,61% e em 5 (31,3%), o percentual ficou acima de 2%. No Maranhão as proporções variaram entre 0,04% a 17,39%, e em 12 (9,2%), os percentuais foram superiores a 2%. A proporção de erros por microscopistas no Maranhão ficou entre 0,02% a 100%, com 37 (10,1%), acima de 2%. No Amapá houve variação de 0,15 a 100% com 49 (27%) com erro acima de 2%. O índice de concordância (Kappa), verificado após as capacitações, manteve-se entre ótimo e perfeito (0,81 e 1) para os Municípios e microscopistas do Amapá e do Maranhão. Na análise univariada as variáveis, unidade federada, tempo de serviço e vínculo Empregatício, foram significativas associadas às discordâncias, no entanto após análise multivariada apenas as variáveis, unidade federada (OR=5,6; 95% IC: 2,5 – 12,4 P=0,0000) e tempo de serviço (OR=4,4; 95% IC: 1,4 – 13,2 P=0,008) apresentaram associadas as discordâncias encontradas no diagnóstico laboratorial da malária, no Amapá e Maranhão, durante o período de 2001 a 2003.