A experiência do cuidado em saúde na vivência de cuidadores(as) e de pessoas em processo de fragilização

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Souza, Gislaine Alves de
Orientador(a): Firmo, Josélia Oliveira Araújo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: s.n.
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/56142
Resumo: Esta tese objetivou compreender as experiências de cuidado em saúde na vivência de pessoas idosas em processo de fragilização na comunidade e seus(uas) cuidadores(as), na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, ancorada na Antropologia Interpretativa, na perspectiva da Antropologia Médica. A produção dos dados ocorreu por meio de entrevistas domiciliares. O campo foi realizado de janeiro a agosto de 2016 e de janeiro a maio de 2018. Para análise e interpretação dos dados foi utilizada a perspectiva êmica, guiada pelo modelo dos Signos, Significados e Ações. A amostra foi composta por 32 participantes, sendo 22 pessoas idosas e 10 cuidadores(as). Os resultados foram organizados no formato de quatro artigos. O artigo “O cuidado com as pessoas idosas frágeis na comunidade: uma revisão integrativa” evidencia que para pessoas idosas frágeis o foco do cuidado é a manutenção de sua independência, das relações interpessoais, nas ações de educação em saúde, na melhora da comunicação com profissionais de saúde e com serviços centrados em sua necessidade. O artigo “A necessidade de cuidado na percepção de pessoas idosas em processo de fragilização” revela nos signos de cuidado a inevitabilidade de depender dos outros: “não aguentar”, “não dar conta”, “não poder mais fazer”, “ter que se limitar”, “ter que ter ajuda”, “ter que ter um acompanhante”. Assim depender do outro aparece como um suporte essencial, mas também se revela algo doloroso, invasivo, controlador e prenuncia a finitude. Frente a isso tentam adaptar-se às mudanças para manter certo grau de autonomia e independência; sentir-se úteis, lançar mão de tratamentos diversos e ter fé. O artigo “Minha vida é me cuidar”: itinerários terapêuticos de cuidado para a pessoa idosa frágil” aborda que os discursos da medicina são recorrentes em sua trajetória de cuidados, mas revelam-se também nos âmbitos psicossociais e culturais. Desse modo, diversas ações do dia a dia vão sendo avaliadas e interpretadas no registro do cuidado consigo e justificadas por esse fim: o horário em que acorda, em que dorme, o que come, como se comporta. O artigo “As relações de cuidado na perspectiva de cuidadores(as) de pessoas idosas em processo de fragilização” discute as ações que cuidadores(as) interpretam como cuidado, as emoções presentes nessa atividade, os desafios e enfrentamentos para continuarem a cuidar. Observa-se que os(as) entrevistados(as) investem no processo de cuidado e se deparam com pouco acolhimento, escasso apoio psicossocial e desconsideração de sua individualidade. Há uma polifonia de experiências e relações intersubjetivas multifacetadas que necessitam ser consideradas. A necessidade de cuidados é vivenciada de modo predominantemente difícil, tendo impacto adicional das desigualdades sociais, da desvalorização da pessoa idosa e da invisibilidade do cuidado. As barreiras físicas, simbólicas, comunicacionais, atitudinais, sistemáticas, culturais e políticas apontam para ações e serviços ainda fragmentados e insuficientes. Considera-se necessário escutar a voz das pessoas envolvidas no cuidado, implementar políticas públicas de cuidado com ações comunitárias e intersetoriais comprometidas com o cuidado de modo ampliado e direcionem atenção à pessoa idosa e aos(as) cuidadores(as).