A fecundidade entre os Guarani: um legado de Kunhankarai

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2000
Autor(a) principal: Alcaraz Lopez, Glória Margarita
Orientador(a): Confalonieri, Ulisses Eugênio Cavalcante
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Link de acesso: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4582
Resumo: O trabalho identifica o padrão de fecundidade das mulheres indígenas Guarani-Mbyá, do Município de Paraty, Rio de Janeiro, e analisa as inter-relações entre a fecundidade e as formas de ver e vivenciar o mundo nessa cultura. O texto se desenvolve através de uma triangulação metodológica, entre métodos quantitativos e qualitativos, e retrocede ao período Jesuítico (1641-1808), para compor o comportamento da fecundidade nessa época. Os achados mostram, para 1997-1999, uma Taxa Bruta de Natalidade de 61 por 1.000, e uma Taxa de Fecundidade Total de 12 filhos. Esse padrão supera em mais de três vezes o reportado para a população brasileira. Encontrou-se uma fecundidade elevada, entre 1641-1808 e entre 1946-1999, a qual não apresentou mudanças. O padrão continua similar, apesar da média de 5 migrações por pessoa, sendo as práticas culturais um dos fatores contribuintes para o padrão de elevada fecundidade. De fato, o mundo Guarani vivencia duas dimensões: uma terrestre e outra sobrenatural. Ambas se entrelaçam, formando um tecido amplo e complexo onde circulam deuses, espíritos maus, espíritos da natureza, espíritos dos mortos e os Guarani. Nesse tecido tem destaque a importância social e religiosa que a fecundidade representa para os Guarani e como eles, através da fecundidade, exercem parte do controle social do grupo. Com os dados coletados constatase a importância de iniciar reflexões em saúde reprodutiva, com a participação dos homens e mulheres, assim como realizar trabalhos em saúde indígena, dentro de um marco de interdisciplinaridade e interculturalidade.