Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Duarte, Nanda Isele Gallas |
Orientador(a): |
Pinto, Liana Wernersbach |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Link de acesso: |
https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/37650
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Resumo: |
A interação que se estabelece na internet entre mulheres que passaram pela experiência de provocar um aborto e o que tal interação produz de narrativas e significados a respeito dessa experiência são os interesses desta dissertação. Mais especificamente, o objeto de pesquisa deste trabalho é o compartilhamento de depoimentos de usuárias brasileiras na plataforma online “Fiz um aborto”, do portal do grupo Women on Web. O texto ancora-se em uma epistemologia feminista que privilegia a maneira como sentidos e emoções se relacionam com as normas do dispositivo da maternidade, uma noção apresentada a partir das contribuições de Michel Foucault, Elisabeth Badinter, Mary Del Priore e Valeska Zanello. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de abordagem que mescla etnografia virtual, com entrevista e observação da plataforma, e análise de narrativa. Para a discussão, foram coletadas 22 narrativas da plataforma, selecionadas entre abril e setembro de 2018. As autoras das histórias são jovens entre 19 e 29 anos, de camadas médias/baixas, moradoras de centros urbanos, sendo a maioria cristã e sem filhos, e com uma ampla variedade de arranjos conjugais. Em um primeiro momento, a análise dos qualificadores das narrativas, com auxílio de nuvens de palavras, indicou que a experiência com aborto provocado mostra-se uma multiplicidade de experiências, em que o corpo tem protagonismo e as narrativas provocam uma implosão polifônica dos sentidos construídos em relação à experiência de abortar. Uma diversidade de significações relacionada à tensão com as disputas sociais, morais e políticas em torno do aborto, sobretudo no que dizem a respeito às expectativas sociais em relação à maternidade. O segundo momento busca identificar expressões do dispositivo da maternidade, que se revela na construção do amor materno como um dever, no papel da religião e dos discursos e práticas dos profissionais de saúde nessa construção e na percepção sobre a desigualdade de gênero em relação ao cuidado com os filhos. Por outro lado, as narrativas também expressam negociações e rupturas com o dispositivo que passam pela reinvenção de discursos, reconfiguração de moralidades religiosas, legitimação de outras maneiras de lidar com a maternidade e invenções de outras práticas, tanto de cuidado como de solidariedade entre mulheres, em que a personagem da “amiga que já abortou” se destaca. Nesses arranjos, o dispositivo da maternidade surge como tensão e a experiência comum compartilhada como um laço que produz sentidos e práticas em direção à autonomia. |